O português David Pinheiro Vicente é um dos dez cineastas a seguir pelo programa deste ano do European Film Promotion – Future Frames, a decorrer no 53º festival de Karlovy Vary, na República Checa, com a sua curta de estreia Onde o Verão Vai (episódios da juventude). Um claro percurso de afirmação do cineasta de 22 anos da Ilha da Terceira que começou no início do ano com a seleção da sua curta na Berlinale Shorts em concurso para o Urso de Ouro. Na mesma secção, aliás, onde estiveram também João Salaviza e João Viana num júri em que participou Diogo Costa Amarante.
De registar que esta iniciativa entre o EFP e o KVIFF, que vai já na sua quarta edição, está ligada ao programa Creative Europe – Media e aos respetivos institutos locais – como o ICA no caso do jovem cineasta. Durante quatro dias, os jovens cineastas e estudantes de cinema selecionados têm a possibilidade de apresentar os seus trabalhos e iniciar aqui uma rede de contactos numa plataforma destinada a aproximar os criadores da indústria. Tal como sucede com o programa Shooting Stars, da Berlinale, para a afirmação de atores.
Onde o Verão Vai (episódios da juventude) foi o trabalho de conclusão da Escola de Teatro e Cinema (que também produz o filme) de David Pinheiro Vicente e que talvez tenha começado na inspiração de um conto de Emily Dickinson, como o próprio nos confessou ainda em Berlim. Foi esta premissa que o levou abordar nesta curta de 20 minutos dividida em quatro partes o momento de inocência em que surge uma certa curiosidade e disponibilidade sensual que deixa em aberto todas as possibilidades e vai para além da orientação sexual.
São precisamente esses corpos adolescentes comprimidos uns contra os outros que vemos num carro em dia de verão e se abrem para a vida num cenário quase bíblico em que o desejo, o espaço e até um elemento mitológico de uma serpente são captados de uma forma cândida e livre. Como se esta curta fosse o embrião de algo maior que está para nascer.