Admirável mundo novo… em 3D
Aí está o filme mais antecipado do ano e a concretização em 3D do mundo fantástico de Lewis Carroll, devidamente filtrado pelo imaginário surreal tão caro a Tim Burton. O CM encontrou-se em Londres, no luxuoso hotel Dorchester, para a apresentação à imprensa da equipa de ‘Alice no País das Maravilhas’. Para além do realizador Tim Burton, estiveram também presentes os produtores, Richard Zanuck e Joe Roth, o compositor habitual de Burton, Danny Elfman, e ainda uma boa parte do elenco encabeçado por Johnny Depp (o Chapeleiro Louco), incluindo Mia Wasikowska (Alice), Helena Bonham Carter (Rainha de Vermelha), Anne hathaway (Rainha Branca) e Crispin Glover (Valete de Copas). Uma coisa é certa, depois do delírio de ‘Avatar’, esta ‘Alice’ em 3D promete continuar a euforia tridimensional. E tanto agradará a adultos como a todos aqueles que cresceram com o imaginário da animação da Disney, prestes a completar 60 anos em 2011.
Esta aproximação ao imaginário da animação da Disney não é inocente. Foi o próprio Tim Burton quem confirmou essa “herança”: “Trata-se obviamente de um filme Disney”, admitiu o realizador, acabando por esclarecer que o que mais o entusiasmou foi a possibilidade de “abordar o mundo da Alice no Pais das Maravilhas num universo 3D.” Por outro lado, assumiu, “existem mais de vinte versões e nenhuma delas me convencia verdadeiramente. “
O efeito 3D convence e promete revolucionar a forma como vemos cinema. Foi mesmo o produtor Joe Roth quem confirmou esse dado incontornável: “Não me parece que todos os filmes em 3D vão ser um sucesso e nem todos terão de ser em 3D. Mas se o Spielberg estivesse a começar agora, talvez fizesse o ‘Tubarão’ ‘Indiana Jones’ em 3D, mas talvez não ‘A Lista de Schindler’ e ‘Munique’. É tudo uma questão do material, da história. “
JOHNNY DEPP EM DISCURSO DIRECTO
“É um milagre que ainda me convidem”
Do que se lembra quando leu pela primeira vez este livro do Lewis Carroll?
Lembro-me de ler uma versão condensada quando tinha cinco anos e de ver a animação da Disney. Mas talvez as personagens tenham sido o que mais me ficou na memória. Acho que isso sucede até a quem não leu o livro.
Como encarou a maior densidade interior do Chapeleiro Louco?
Procurei aproximar-me dos lados mais extremos da personalidade. Entre a fúria e o medo ou leveza. E apenas tentei encontrar esse equilíbrio.
O que acharam os seus filhos desta versão de ‘Alice’?
Por acaso, eles já viram o filme e simplesmente adoraram. E não ficaram nada assustados.
Qual é a sua receita para o sucesso?
É um milagre que ainda me convidem depois de alguns filmes que eu fiz… (risos) Nessa altura, o Tim tinha de lutar com os estúdios para me conseguir contratar, mas depois do sucesso de ‘Piratas das Caraíbas’ isso passou.
Trabalha com o Tim há sete filmes. Como tem evoluído essa relação?
Conhecemo-nos há 20 anos com ‘Eduardo Mãos de Tesoura’. A minha escolha para esse filme foi uma questão de sorte. Ao longo dos anos temos desenvolvido uma certa cumplicidade. Sempre adorei a sua visão e de fazer aquilo que quer e como quer. É um dos verdadeiros autores.
MIA WASIKOWSKA
DANNY ELFMAN
No 13ª filme de Tim Burton que compõe, o genial (e multipremiado) Danny Elfman explicou que já está habituado ao estilo de trabalhar do realizador:
“É uma viagem que nunca se sabe onde acabará. Nesse sentido não difere dos outros filmes. É um universo cheio de surpresas. Igualmente difícil do que era há 25 anos atrás; mas sempre reconfortante. Valeu sempre a pena.”
Paulo Portugal, em Londres