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O Fundador: Michael Keaton quer “franchisee”

Existirá filme mais glorificador do capitalismo que uma obra sobre as raízes da cadeia de restaurantes McDonalds, e a sua difusão neste mundo fora? Esta ode a um dos temas mais polarizados de qualquer cardápio oral, funciona, como já era de esperar, na mesma e tangível formatização do conceito cinebiográfico. Não no sentido individual. O que está em causa não é a história vivente feito RVCC de um sujeito, mas o paralelismo entre Ray Krok e o seu achado “gastronómico”.

Michael Keaton volta às suas vestes de pretensioso egocêntrico (já tínhamos saudades de The Birdman), um vendedor que encontra num restaurante local a sua hipótese de brilhar numa carreira falhada, e lançar-se assim à tão esperada definição de “Franchiseee”. Esse restaurante era McDonalds, sob a gerência dos irmãos McDonalds que inovaram o conceito de “comida-rápida”, como a certa altura sublinham a grande prioridade deste invento – hambúrgueres em 30 segundos, ao invés de 30 minutos. Porém, é aqui que o capitalismo demonstra a sua vil faceta, respirando num eterno jogo de “monopólio”.

O Fundador nunca cai no erro de glorificar a manifestação pelo qual McDonalds serve actualmente de símbolo, mesmo que a amoralidade da obra de John Lee Hancock tenha mais percalços do que propósitos, e o receio de denegrir a fundação mais conhecida dos EUA (“a nova igreja da América”, como prometia Ray Krok), fale mais alto, estampando a suposta veia crítica na eterna formatização do biopic. E claro, a enésima variação do devoto percurso do herói que o cinema americano tanto adora abordar.

Mas enfim, Keaton (que merecia a nomeação ao Óscar) é o rei deste filme que servirá como imenso estudo a um movimento sociopolítico do que propriamente Cinema, visto que nessa área tudo é cedido à fórmula industrial, como manda a lei McDonalds.

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