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Silvestre Curtas 4 – Fiction I

La Disco Resplandece

Do realizador Chema Garcia Ibarra somos levados para um mundo adolescente quase em tom de fantasia, mas como se de um documentário se tratasse. Histórias são partilhadas, fala-se numa ida à Eurodisney e num avô com alzheimer. Um local isolado, música reggaeton e caras pintadas. Luzes a fazer lembrar um local mágico com reminiscências à la Tron, onde os limites não existem. Um quebrar de regras típico adolescente, sempre na procura de uma ânsia maior, um novo desafio. Um humor constante ao longo do filme sem soar forçado, afinal são apenas 5 amigos a divertirem-se. Observamos também, com subtileza, uma diferença de tradições entre diferentes povos ao som do hino dá Arménia.

Jeunesse

Uma história sobre o amor, o desejo, a fantasia, as saudades de alguém, sobre o que nos aperta o coração e o que obscurece a mente. Shanti Masud (Hotaru 2015, metamorfoses 2014) deslumbra-nos durante meia hora com apenas cenários minimalistas e cores quentes que criam uma sensação de um dia caloroso a acabar. Um pequeno barco que navega à procura de terra, e onde Diamond (Bernard Minet) partilha as suas histórias de conquistas e de amor (o que é isto de amor?) com Firefly (Lucas Harari) enquanto Koala (Jp Nataf) dorme. Atentamente escutamos Diamond falar sobre a sua primeira, uma senhora de nome Canela. Firefly imagina como será a sua, o que a terra além lhe espera. Os seus pensamentos são revelados para nosso deleite.

Um pequeno café repleto de marinheiros, e Firefly conhece uma rapariga por quem fica cativado. Conversam, junto um do outro, entre risos e umas bebidas. Será ela a sua primeira? A sugestão fica a pairar à frente dos nossos olhos, e imaginação.

Gallo Rojo

Não existirá melhor palavra para definir esta curta metragem do que surreal. É um misto de acontecimentos e acções que fazem lembrar qualquer filme do Tarantino, com um extra de confusão. Não me perguntem o que passava pela cabeça de Zamo Mkhwanazi e de Alejandro Fadel para criar universo tão assolador. Um galo vermelho, um ambiente de transe místico, homens armados e com vontade de guerrear. Uma canção que ecoa pela casa, e um piano como se fosse um complementar poético no background.

Mas não é tudo, há ainda uma mulher que faz uma chamada no meio de uma floresta, com uma promessa de fugir para um mundo melhor.

Justification

Do realizador Tom Shoval, mudamo-nos para o Iraque durante 22 minutos. Uma mulher de nome Tamara (Hadas Yaron) é abordada num café por uma desconhecida (Iris Bar) que lhe pede uns trocos para ir para casa, pedido ao qual ela tem muito gosto em ajudar. Mas Tamara repara que a mulher continua a pedir dinheiro e isto intriga-a. Diferentes sítios, uma história diferente. A curiosidade aguçada de Tamara leva-a a ir em perseguição por Tel Aviv. Quem será esta mulher e porque razão está a fazer isto? São questões que nos pairam pelos pensamentos à medida que seguimos Tamara no autocarro, e pelo bairro desta misteriosa mulher. Durante todo o dia assistimos Tamara a ignorar chamadas do namorado, chegando mesmo a inventar uma desculpa, mentindo-lhe. Como se fosse um círculo vicioso. A mulher mentiu-lhe, o que a leva mais tarde a mentir também.

Enfant Chéri

Uma curta metragem sobre segredos e sentimentos guardados durante anos, que chegando a um certo ponto entram em erupção, de Valérie Mréjen e Bertrand Schefer.

Após um funeral pai e filho fazem a viagem de volta. O pai aproveita para, mais uma vez, falar das suas conquistas e da importância que tem no seu meio. Mas para o filho já chega. Tem ouvido esta conversa durante anos e não aguenta mais. É um explodir dentro de si mesmo que o leva a confrontar o pai, e a dizer tudo o que sempre guardou dentro de si. A câmara acompanha esta viagem assim como nós, presos ao ecrã, à medida que o filho (Pascal Cervo) desabafa tudo o que sempre escondeu, a sua tristeza, irritações e desilusões em relação a seu pai (Jacques Nolot, um dos heróis independentes do Indie Lisboa 2009) que não tem outra resolução senão ouvir contrariado.

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