O que dizer na morte de um comediante? Talvez que valerá a pena olhar sempre o lado mais divertido da vida. Mesmo na morte. Seja como for, o coração de Jerry Lewis deixou de bater hoje, aos 91 anos, em Las Vegas. Adeus, Rei da Comédia.
Jerry foi um caso sério enquanto comediante. Mesmo apelando ao público mais mainstream, seguramente deleitado com o seu humor físico e histriónico, o ator americano conseguiu o consenso de recolher também a simpatia cinéfila francesa, em grande parte devido à cancela de autor que os Cahiers do Cinéma lhe atribuíram, colocando-o ao lado dos maiores, de Orson Welles a John Ford.
Em grande medida, o seu sucesso nasce com a parceria criada com Dean Martin, no início dos anos 50, com quem haveria de colaborar em quase duas dezenas de filmes (17 ao todo) ao logo de toda essa década, em que Martin assumiria um perfil mais suave para que o colorido de Lewis pudesse extravasar. Só que mesmo após essa divisão, a carreira de Lewis acabaria por alcançar os meus maiores sucessos, ao longo de toda a década de 60, onde se encontram, por exemplo, Jerry no Grande Hotel (1960), As Noites Loucas do Dr. Jerryll (1963), entre outros. Ainda assim, talvez a sua maior grande prestação estará em O Rei da Comédia, em 1982, pela mão de Martin Scorsese, em parceria com Robert De Niro.
Mais do que rei da comédia, Jerry Lewis foi um génio da comédia.