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Downsizing: querida encolhi os humanos!

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Alexander Payne abriu o festival com um novo chamariz para os Óscares chamado Downsizing, em que o pânico da sobrepopulação acaba resolvido com uma certeza chamada miniaturização humana. Só que aqui não há o tom da comédia do final dos anos 80 Querida, Encolhi os Miúdos, mas antes algo mais brando, ainda que igualmente mainstream, ao empacotar as crises globais numa fórmula reduzida preparada para oferecer as novas perspetivas de um sonho americano talvez ainda maior. Ou seja, a tendência para a ‘bolha’ ou o tal sonho desmedido de todos serem milionários, em que entra Matt Damon, em mais um retrato da middle America, de onde Payne se recusa a sair e, afinal de contas, de onte tem surgido toda a sua veia criativa em personagens sensacionais.

A mais sensacional é mesmo a vietnamita sem papas na língua e determinada interpretada por Hong Chau, que faz de mulher-a-dias de armas e rouba todas as cenas em que entra, embora já a viver na modalidade reduzida, e que haverá de mudar a vida do homem (Damon) desencantado pela sua escolha, culminando mesmo com a frase do filme “que tipo de sexo fizemos?” Christoph Waltz volta a ser peça de impulsão de humor, agora como o sérvio Dujan, sempre preparado para fazer uma festa e ganhar algum dinheiro no processo, mesmo que ausente de qualquer justificação na trama. O mesmo se passa com o igualmente incorrigível, ainda que sempre delicioso, Udo Kier, a formar um duo com Waltz para espevitar ainda mais as cenas em que entra.

Apesar de Alexander Payne iniciar esta utopia ambiental de uma forma aligeirada criando um foco de humor ao encolher o problema com esta versão de seres humanos de 15 centímetros, acaba por nos tirar o tapete quando avança para todos os contornos sociais e respetivas contradições do sistema, culminando mesmo numa idílica mensagem ambiental.

Mesmo que Downsizing não se aproxime das suas obras mais conseguidas, como As Confissões de Schmidt, Sideways ou Os Descendentes – apesar dos americanos do Hollywood Reporter considerarem que se trata do melhor Payne – não deixa de revelar o seu lado emergente, sobretudo quando equacionamos uma comunidade global, embora reduzida a uma escala de bolso. Ainda assim, dificilmente saímos fora da referência ao Truman Show, de Peter Weir, apesar dos quase vinte anos mas ainda mantém a sua frescura e atualidade.

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