(Sony, PS4)
Numa altura em que se sentem ainda os ecos da discussão estival sobre as diferentes aptidões dos meninos e meninas, a propósito do tão comentado livro de exercícios que colocaria desafios de exigência facilitado para as moças, eis que chega ao mercado um novo jogo da franchise Uncharted, como sempre desenvolvido pela Naughty Dog e publicado pela Sony Interactive Entertainment, cuja principal novidade é substituir a personagem masculina nas suas aventuras de ação por duas damas.
É claro que em si a ideia nada tem de novidade, até porque, se nos lembrarmos bem (e quem esquecerá?) este tipo de aventura na terceira pessoa foi fundado pela heroína curvilínea chamada Lara Croft. Será por até certa idade as damas serem normalmente mais expeditas que a rapaziada? O jogo, bem mais do que imbróglio dos livros infantis, até poderia ir nesse sentido, só é pena que acabe por ser uma versão suavizada das habituais aventuras. Então, em que ficamos?
A ideia nem era gastar um ou dois parágrafos com banalidades, mas sim chamar a atenção para um dos primeiros jogos que irá abrir a rentrée habitualmente bem agitadas em matéria de jogatanas. Uncharted: o Legado Perdido, o tal jogo que estava para ser apena um add-on a Uncharted 4, temos então a vez de elas dizerem “menino não entra” e arregaçarem as mangas, sem medo da transpiração ou de fazer estalar o verniz das unhas nesta sensacional viagem à húmida Índia.
Ao longo de uma jornada que apenas solicita um fim de semana em cheio, para umas sete horitas de jogo, promete-se aventura a sério, combinando, escalagem, condução, tiros e até alguns socos. O problema é que se o leitor jogou alguma das mais recentes edições encontrará muito poucas (ou nenhuma) novidade no motor do jogo. Basicamente, faz-se tudo o que se fazia, talvez ainda mais depressa. O que nos retira talvez algum tempo para admirar a paisagem. Afinal de contas vamos à Índia, caramba! Isto para comprovar o elevado grau do design. Mas também aqui outra reticência: dado que estamos a falar da PS4, poderia esperar-se um uso ainda mais ambicioso, já que se percebe que o alcance visual acaba por dar um passo atrás relativamente ao anterior.