Festival San Sebastian
Novos Realizadores
Há boas surpresas na secção Novos Realizadores do festival de San Sebastian, integralmente dedicada a primeiras obras. Desde logo, o filme de abertura, The Charmer, assinado pelo iraniano Milad Alami, radicado na Dinamarca, a abordar as relações amorosas de conveniência com vista à obtenção de vistos de residência. Uma questão bem mais complexa, sobretudo quando os serviços de emigração lançam um ultimato para uma eventual deportação. Esmail (o muito convincente sueco-iraniano Ardalan Esmaili, apenas no seu segundo filme) foi aprendendo a arte de se infiltrar na sociedade burguesa local e aproveitar o lado mais decadente das mulheres, muitas delas casadas e com família, que se deixam seduzir por esta figura exótica e suave.
Apenas por esta breve descrição, seria natural estarmos em presença de um drama (ou comédia) de contorno social, a abordar a complexidade da emigração e integração. Por isso mesmo, somos sobressaltados quando uma destas mulheres sobe a uma janela e subitamente se atira para a rua. É um alarme que toca e nos faz ficar em alerta. Desde logo, porque Alami acaba por ir um pouco mais fundo ao abordar as diversas contradições evidenciadas nos diferentes modos de vida no bem urdido por Alami e Ingeborg Topsoe. Para além dos locais dinamarqueses, mas igualmente da comunidade iraniana há muito estabelecida na Europa, aquela classe mais sofisticada que guarda certamente na memória a nostalgia do Sha.
É precisamente diante a possibilidade de uma nova vida com a iraniana Sara (a estrela pop Soho Rezanejad na estreia no cinema), pertencente às tais boas famílias persas, que os fantasmas do passado Esmaili o acordam e levam prever o seu modo de vida. The Charmer é um filme que surpreende pelas diferentes camadas que cruzam fios de romance com pontas inesperadas pontas de thriller. Sim, Alami Esmaili é um nome a reter.