15º DocLisboa – de 19 a 29 de outubro
O Ramiro alfarrabista de Manuel Mozos, curiosamente uma ficção, até pode ter honras de abertura do DocLisboa, só que há muito mais para ver logo no primeiro dia. O menu é vasto e farto nas diversas salas do Doc. Desde logo, a embaixada canadiana vinda de Quebeque com o seu cinema identitário na Cinemateca, bem como os três incontornáveis pesos pesados: Robert Wiseman, com a sua viagem de descoberta à biblioteca de Nova Iorque, com o premiado Ex Libris, no cinema S. Jorge, para além da sessão dupla no cinema Ideal com o singular encontro de Claude Lanzman em Napalm, e ainda Julian Assange visto por Laura Poitras, em Risk. Para começar não está nada mal.
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Dos documentários internacionais com um percurso de diversos festivais, destacamos ainda os dois filmes do chinês Wang Bing (Bitter Money e Mrs. Fang), naturalmente An Inconvenient Sequel: Truth to Power, na continuação do programa de alerta ambiental de Al Gore, e ainda o poderoso No Intenso Agora, de João Moreira Salles. Como sempre a secção Heart Beat trás o melhor da música, com o documentário sobre a andrógina Grace Jones a abrir, mas também Mariane Faithfull vista por Sandrine Bonnaire e a carreira de Whitney Houston por Nick Broomfield. Há ainda uma jam session com Abel Ferrara, em Alive in France, e o curioso registo sobre os fantasmas de Cary Grant, em Becoming Cary Grant.
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Medimos também a pulsação do documentário português, com a sempre rica secção competitiva, onde vemos por exemplo o encantado António e Catarina, o estudo que a romena Cristina Hanes fez de um marialva português, e que foi justamente premiado em Locarno, e com quem tivemos ocasião de falar. Ico Costa volta com o intenso exercício Barulho, Eclipse; já Anabela Moreira e João Canijo oferecem o dia a dia e o quotidiano do Diário das Beiras. Silas Tiny regressa a São Tomé com O Canto de Ossobó. Destacamos ainda as Notas de Campo, de Catarina Botelho, um olhar sobre a política de austeridade portuguesa. Depois de Berlim e San Sebastian, a viagem ao arquivo de imagens de Guiné Bissau. em Spell Reel, de Filipa César, pode finalmente ser visto em Portugal.
Depois há todo o resto. Vá mexam-se!