Porto/Post/Doc – Film & Media Festival rima com os novos caminhos do cinema do real. O certame abre e fecha não com documentários, mas com ficções. No caso, com The Beguiled, o novo filme de Sofia Coppola, remake do original de Don Siegel de 1971, adaptando o romance de Thomas P. Cullinam, exibido sem grande brilhantismo na seleção oficial do passado festival de Cannes, e encerra a 3 de dezembro, com Lucky, o opus de HarryDean Stanton, captado por John Carroll Lynch, exibido em agosto passado no festival Locarno. Desde logo, dois filmes incluídos na secção Highlights onde se conjugam filmes exibidos em outros festivais internacionais.
Parte da programação do Post Doc passa pelo arquivo, com especial foco na obra de Jean Rouch, no centésimo aniversário do seu nascimento, a beneficiar da programação das suas principais obras devidamente restauradas. Referência ainda ao Foco Miroslav Janek, tendo como base uma carta branca proposta a Jana Ševčíková (cuja obra foi apresentada o ano passado no festival). Um proposta de sentidos apurados, com uma chamada de atenção para as comunidades menos privilegiadas que o cineasta procura analisar, desde logo em The Unseen, em que um grupo de crianças cegas produzem material fotográfico com resultados inesperados.
A merecer atenção igualmente o Foco Peter Mettler Expanded, em que o cineasta suíço-canadiano exibe os seus principais documentários: Picture of Light, Gambling, Gods and LSD e The End of Time, numa reflexão à condição humana e ao tempo. Incluem-se ainda performances musicais com linguagem de tribos da Amazónia e ainda uma experiência musical de Mettler e de Franz Treichler dos The Young Gods.
Naturalmente, a programação completa-se com a competição internacional, a abrir com Era Uma Vez Brasília, de Adirley Queirós (o filme que fechou o DocLisboa), para além da Competição Cinema Novo, filmes de escolas de cinema, o Cinema Falado, com as obras em língua portuguesa a ganharem a devida proximidade, entre outras secções e programas de festa.