Este é um ano fantástico para o cinema de causas e de temas que interessam e nos perturbam. Ainda Sim, uma das maiores montras de prémios do cinema vai ser também a janela para a comunidade do cinema assumir o escândalo de abusos sexuais que deixou Hollywood em estado de choque, bem como a posição do papel da mulher na sociedade. Talvez por isso, o apresentador da cerimónia, Seth Meyers, já veio dizer que era “bom ter um elefanta na sala”. A primeira medida foi já a de várias atrizes optarem por vestir de negro, como que a expressar uma forma de luto pelo sucedido.
E há diversos filmes calhados para expressar também com prémios esse mau estar. É o caso de Três Cartazes à Beira da Estrada e The Post, ambos nomeados para a categoria de Melhor Filme em Drama e ainda I Tonya, Lady Bird e Foge na secção de Comédia ou Musical. Este último também a levar a outro extremo a questão do racismo, algo que é tratado também com a devida acutilância em Três Cartazes.
Se quisermos, só mesmo as temáticas de Dunkirk, pelo lado do Drama, e Um Desastre de Artista e O Grande Showman, na Comédia e Musical, falham compromissos que motivam um discurso de atual debate social. Isto porque A Forma da Água, de Guillermo del Toro, tem uma forte leitura que não passa longe dos regimes mais totalitários, de que a Administração Trump tem uma representação assumida pelo cineasta mexicano. Isto para além da forma muito livre como é apresentado o romance gay em Chama-me Pelo Teu Nome, um dos favoritos nesta época de prémios.
Em Portugal, a exibição televisiva desta gala está a cargo da SIC Caras, a partir da meia-noite. Nós também vamos estar online a fazer cobertura do evento.