Há filmes que não parecem nem desejam ser grandes, mas à medida que os vemos acabam por crescer dentro de nós e afirmar-se como algo maior. O Meu Amigo Pete é um exemplo desses. Começa suave e singelo no seu estilo de conto coming of age, com os dilemas um adolescente desamparado que apenas encontra alívio na sua relação com um cavalo – o Lean on Pete do título original – mas desenvolvendo uma dimensão que acaba por amadurecer e se transformar em algo superior.
O que não se pode dizer do cinema do britânico Andrew Haigh é que lhe falta espessura ou pathos, mesmo nesta digressão americana de um on the road juvenil, incorporada por um Charlie Plummer à beira se se tornar num valor seguro da sua geração. Isto apesar de já ter deixado a sua marca em Todo o Dinheiro do Mundo, no papel do neto John Paul Getty.
Na adaptação do livro de Willy Vaultin, Haigh vai trabalhando um subtil registo sobre a solidão e a forma como sair dela, conforme nos explicou na nossa entrevista, algo que foi também tão relevante no anterior 45 Anos, por sinal um dos melhores filmes de 2015, pela forma como abordava as dúvidas vividas pelo casal septuagenário Paul Courteney e Charlotte Rampling (merecedora da sua nomeação ao Óscar). Ou até ainda pelos dilemas do anterior Weekend (Amor de Fim de Semana), em 2011.