Edgar Pêra regressa a Coimbra e aos ‘Caminhos’, onde já foi feliz em 2011, ao conquistar os principais prémios com o filme O Barão. Trilha agora Caminhos Magnétykos, uma produção de Rodrigo Areias e a Bando à Parte, adaptando uma vez mais um conto de Branquinho da Fonseca, também ele uma voz da modernidade de Coimbra e da procura incessante liberdade, afinal de contas a forma como Pêra encara o seu cinema.
Do conto de Branquinho da Fonseca retira o cineasta o fio narrativo de um pai (Dominique Pinon) que após de casar a filha (Alba Batista) com um homem mais velho (Paulo Pires) vive uma noite de aventuras e excessos em que acorda alguns fantasmas do seu próprio povo. Do cenário argentino original, associa o realizador a realidade lusitana a lidar com os ecos pós revolucionários em que os ideais se ligam com um presente funesto, de guerra civil, dominado por um regime de tiques autoritários. Fazem ainda parte do elenco, Albano Jerónimo, Marina Albuquerque, Manuel João Vieira, para além de uma saborosa participação de Ney Matogrosso.
O filme será precedido da exibição da insólita curta de Eugène Green, Como Fernando Pessoa Salvou Portugal, com Carloto Cotta a encarnar o poeta que é desafiado pelo Sr Patrão, numa curiosa contribuição de Manuel Mozos, a escrever o anúncio publicitário para a americana bebida Coca-Louca. Esta é uma produção de Luís Urbano e Sandro Aguilar, em colaboração com os belgas Jean e Luc Dardenne.
No entanto, o dia começa, sempre na sala do Teatro Académico Gil Vicente, com o trabalho de estreia de Pedro Florêncio, Turno do Dia, com o registo documental da atividade do centro de atendimento de emergência médica.
Mais tarde, na sessão de curtas, veremos um conjunto de trabalhos de cineastas lusitanos na área do horror ou insólito, de resto, grande parte deles exibidos na última edição do Motel X. Jerónimo Rocha propõe uma curta aproximação de quatro minutos ao find footage, versão snuff, em 20-02-80, ao passo em O Quadro, o cineasta Paulo Araújo percorre o insólito numa viagem de época.
Já em Coração Revelador, de São José Correia ausculta o mal interior, enquanto que em Inversão, de Miguel Ângelo se vive um acontecimento que muda a vida do protagonista. Calipso, uma estreia da dupla Paulo A. M. Oliveira e Pedro Martins, entrega-nos a um flagelo zombie. Temos ainda a proposta de Guilerme Daniel, com A Estranha Casa na Bruma e, por fim, Teresa Garcia promete uma viagem ao universo da inquietação infantil, em O Segredo da Casa Fechada.