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CCP: os amores incondicionais das curtas e dos caminhos de Jorge Pelicano e António Ferreira

Até Que o Porno nos Separe, de Jorge Pelicano

Dia 7. Entre o romance intemporal de ‘Pedro & Inês’ e um sair do armário diferente em ‘Até que o Porno nos Separe’. E as propostas de caminhos queer das curtas!

Uma plateia vasta veio receber Pedro & Inêsde António Ferreira, precisamente no dia em que passou a ser o filme português mais visto em sala no ano de 2018. Redescobrimos ainda o assombrado Mariphasa, de Sandro Agiular, já depois do aplauso no iníco do ano no Fórum da Berlinale. Tempo ainda para as curtas valorosas Por Tua Testemunha, de João Pupo, e Luana, de Pedro Magno. E os curiosos caminhos queer de Letters From Childhood, de José Magro, mas também Anjoa estreia na realização do ator Miguel Nunes (Cartas da Guerra), o retrato da ambuidade sexual patente em Self Destructive Boys, de André Santos e Marco Leão. Vimos também o intenso Por Tua Testemunha, de João Lupo, e Luana, de Pedro Magno.

O dia começou mesmo com o anúncio Pedro & Inês como o grande filme português do ano, já visto por mais de 45 mil espetadores, numa sessão em que uma plateia adolescente não quis perder esta adaptação que António Ferreira, natural de Coimbra, fez do livro de Rosa Lobato Faria, A Trança de Inês e, claro, a possibilidade de fazer selfies com o galã Diogo Amaral.

 

Esta é uma história que ganha uma dimensão intemporal pela forma como é retratada em três tempos a paixão de D. Pedro I e Inês de Castro, aquela que foi coroada rainha já deposi da morte. Diogo Amaral e Joana de Verona encarnam assim este mito imortal, numa nova veste bem equilibrada que nem sequer fica muito distante da tragédia de Romeu e Julieta, de Shakespeare.

É uma lição de amor maternal a da mãe que sai do ‘armário’ para aceitar o filme como porn star, em Até que o Porno nos Separe. O realizador Jorge Pelicano regressa ao festival que mostrou toda a sua obra de documentarista, e premiou grante parte. Neste seu quinto filme, leva-nos à realidade da Eulália, a sexagenária de 65 anos que se agarra ao amor incondicional pelo filho como arma para ‘sair do armário’ e aceitá-lo como aquele que é conhecido como “Fostter Riviera, the First Gay Porn Star from Portugal”. O caminho do Porto para a Alemanha é encurtado pela saborosa comunicação através do Facebook.

Este é um filme tremendo, onde o conservadorismo de uma mãe é superado por uma dedicação em que esta mãe acaba por se redescobrir no ativismo da associação AMPLOS, onde pais e mães lutam pela liberdade de orientação sexual.

Leters From Childhood, de José Magro, com presença do Queer Lisboa e no Indie, reflete um exercício de liberdade sexual que perturba a memória de uma relação queer. Um filme que mantém até uma ligação forte com Anjo, no exercício muito livre de Miguel Nunes sobre os corpos que se redescobrem numa Lisboa cosmopolita em final de Verão. Curiosamente, um novo projeto da produtora Videolotion, a confirmar-se como grande promessa de cinema, após as excelentes vibrações de Verão Danado. Também com Joana de Verona, também ela uma atriz com uma presença forte nos Caminhos.

Por fim, no muito conseguido Self Destructive Boys, também da Portugal Filme, a proposta atrevida de intrometer a liberdade sexual num casting com rapazes hetero para um filme gay. Recordamos ainda a intensidade das personagens de Por Tua Testemunha, no inteligente jogo de olhares e propósitos de João Lupo, e ainda o olhar da pequena Luana na curta, do mesmo nome, de Pedro Magano, a jogar entre a fantasia e a realidade mais dura de um Porto captado a preto e branco.

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