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‘Parasitas’ surpreende com luta de classes a conquistar Hollywood

Joaquin Phoenix e Renée Zellweger, e Brad Pitt e Laura Dern confirmam expetativas.

Era uma vez… a cerimónia dos Óscares. A história deste ano foi contada, não em inglês, mas em coreano, uma novidade nas 92 edições dos Óscares da Academia de Hollywood. Parasitas, de Bong Joon-ho, fez história ao vencer na categoria de Melhor Filme, bem como na de Melhor Filme Internacional, ao que se juntou a Melhor Realização e Argumento Original. Talvez fosse essa a forma de criar alguma surpresa numa noite que não foi particularmente feliz – talvez por culpa dos filmes nomeados ser demasiado desigual.

Se a luta de classes de Parasitas foi o grande vencedor da noite, pode dizer-se que 1917 de Sam Mendes acabou por ficar do lado dos derrotados, já que era dado com o mais forte candidato ao Óscar mais importante, com uma dezena de nomeações, ficando-se embora por três prémios. Com esta vitória, o filme sur-coreano confirmou a Palma de Ouro de Cannes, em maio passado, onde Era uma Vez… em Hollywood saiu igualmente derrotado.

Conforme esperado, Joaquin Phoenix, por Joker, e Renée Zellweger, por Judy, confirmaram as espectativas, no plano interpretativo, numa noite em que Phoenix ter assinou o discurso mais importante da noite, chamando a atenção para questões que merecem a nossa reflexão, como o meio ambiente, igualdade e justiça. Lara Dern foi a escolha secundária para Marriage Story, uma das poucas conquistas da Netflix (a par do documentário American Factory), ao passo que Brad Pitt a escolha masculina.

Este foi também o ano da onda Netflix, com nomeações em cada categoria, embora o resultado ficasse demasiado aquém das expetativas. O Irlandês, de Martin Scorsese, considerado por muitos como um dos grandes filmes do ano, acabou a noite sem qualquer distinção.

American Factory

Um dos pontos mais importantes da cerimónia dos Óscares, embora alternativo a este naipe de filmes que ocupa a esmagadora maioria das nomeações, reside na categoria do cinema documental. Uma vez mais, este ano, com um naipe de filmes que abraçam causas políticas e sociais urgentes. Venceu American Factory, uma produção Netflix sobre as condições laborais americanas, sobretudo quando exploradas por proprietários chineses. Ainda assim, a merecer atenção os dois filmes sobre a experiência da guerra na Síria, For Sama, e The Cave, ou mesmo Honeyland, sobre tentativa de manutenção de uma cultura ancestral da apicultura.

Se haverá alguma conclusão a tirar deste feito histórico será talvez que terá chegado a internacionalização dos prémios da indústria de cinema americano. Ou então que a cerimónia tal como está pensada entrou numa crise de identidade, de certa forma espelhada num certo esgotamento do modelo (ou do cinema?) local. Coloca-se a questão: Irá ela abrir-se definitivamente às variantes de streaming, ao world cinema, aí com uma palavra mais forte a dizer por parte dos festivais internacionais que consagram o cinema universal? A confirmar, ou não, na próxima edição. Para já, fica tudo em aberto.

 

Óscares 2020

Melhor Filme – Parasitas

Realizador – Bong Joon-ho (Parasitas)

Ator – Joaquin Phoenix (Joker)

Atriz – Renée Zellweger (Judy)

Secundário – Brad Pitt (Era uma Vez… em Hollywoood)

Secundária – Laura Dern (Marriage Story)

Argumento Adaptado – Taika Waititi (Jojo Rabbit)

Argumento Original – Bong Joon-ho (Parasita)

Animação – Toy Story 4

Documentário – American Factory

Filme Internacional – Parasitas

Banda Sonora Original – Hildur Guõnadóttir (Joker)

Canção – (I’m Gonna) Love Me Again (Elton John, Rocketman)

 

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