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indielisboa: Mal Viver/Viver Mal confirma melhor longa nacional

Mal Viver: um jogo de actrizes

Catarina Mourão vence prémio de realização com Astrakan 79.

O júri do IndieLisboa 2023 não ficou imune ao díptico Mal Viver e Viver Mal, de João Canijo e distinguiu-o com o prémio principal para longas metragens nacionais. Apesar de se ter exibido um conjunto consistente de filmes a concurso, a catarse interpretativa e cinemática das quatro horas que se conjugam (e nunca deixam de ser o mesmo filme) é difícil de ignorar. De resto, este será seguramente um daqueles filmes cuja espessura permite vislumbrar um rasto no tempo e um futuro longínquo. Aliás, a sua singularidade ficara logo definida na presença que marcou na Berlinale, onde dividiu presença entre a Selecção Oficial (onde venceria o Urso de Prata pelo Prémio do Júri) e a secção Encounters. Um feito notável dado a complexidade de legendagem que encerra, pois (como já vem sendo hábito nos filmes de Canijo), os diálogos tendem a sobrepor-se, não raras vezes, em conversas paralelas, como sucede, aliás, nos filmes de 2023. O filme estreia nas salas nacionais quinta-feira, no dia 11.

Merecido igualmente o prémio de realização atribuído a Catarina Mourão, pelo impecável trabalho em Astrakan 79, uma viagem ao passado através das memórias de postais enviados por um jovem português revolucionário a viver a utopia de estudar na Rússia em 1979. Seduz a forma serena como usa a câmara, aliada a essa interligação com a palavra e a invocação permanente da memória através do cinema.

No plano das curtas, duas muito palpitantes escolhas foram distinguidas. Desde logo, o muito sugestivo Dildotectónica, de Tomás Paula Marques, com a vontade de questionar e descontextualizar a forma fálica, a partir logo da sua própria concepção plástica. Isto com uma lenda que nos fala da freira Josefa e das suas brincadeiras sexuais com outra freira. Isto nos tempos da Inquisição, mas já com recurso a dildos. Igualmente sugestivo, Dias de Cama, de Tatiana Ramos, com uma outra fantasia erótica sobretudo ancorada no olhar da câmara e no sonho erótico de um casal.

Prémios Competição Nacional

Melhor Longa Metragem Portuguesa – Mal Viver/Viver Mal, de João Canijo

Prémio Melhor Realização – Astrakan 79, de Catarina Mourão

Melhor Curta Metragem Portuguesa – Dildotectónica, de Tomás Paula Marques.

Prémio Novo Talento – Dias de Cama, de Tatiana Ramos

 

 

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