Sexta-feira, Fevereiro 21, 2025
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Timothée Chalamet em Berlim: “Bob Dylan expressou o ativismo através do rock’n’roll”

Uma coisa é certa, o Timothée é tudo menos um total desconhecido. A complete unknown! Sobretudo depois de o vermos no filme o James Mangold, um queridinho dos próximos Óscares. Apesar de já ter estreado em Portugal, a presença de Timothée Chalamet em Berlim merece a referência.

Antes de mais, entendamo-nos. Este menino de 29 anos – um dos nomeados ao Óscar de Melhor Ator pelo seu papel de Bob Dylan – tem experiência suficiente para contornar o seu estatuto de estrela. Algo que faz com uma graça natural, mesmo quando dança em redor dos temas mais ‘quentes’, como as curiosidades em redor da política, seguramente, o tópico que irá dominar a 75.ª edição da Berlinale. Já lá vamos.

Uma coisa é certa, foram cinco anos e meio para chegar à composição de um Dylan muito credível. Que canta, toca ainda melhor. E encanta. Com uma pandemia pelo meio, e tudo. No entanto, como Timothé Chalamet confirmou na conferência de imprensa, após a exibição de gala do filme, teve tempo para aprender a tocar e, basicamente, “mergulhar na composição deste homem”. Talvez a parte mais fácil tenha sido até a de engordar de 10 quilos. “Basicamente, bastou-me comer imenso”, disse em resposta à curiosidade pueril da jornalista. Mas ao completar a resposta invocou uma vez mais o tempo para confessar que “nenhum projeto me deu tanto como este.”

Vejamos, o bardo da música folk que cantou ‘times they are a’changin’ e revolucionou a música de intervenção nunca se separou do ativismo político. Mas quando falamos com o ator e a sua composição (diga-se, irrepreensível) temos de aceitar todas as reticências.

Quanto à guitarra e a tal meia década a treinar garantiu que “foi uma osmose. Durante todo esse tempo, vivia este papel o dia inteiro. Foi ele que me guiou. A sua individualidade e não fazer parte da confusão reinante…”

Bom foi quando o ator novaiorquino assumiu que uma grande fonte para a sua composição foi a partir do documentário “Don’t Look Back”, de 1967. Seguramente, um ‘filme companheiro’ deste, em que a câmara de Don Alan Pennebaker, segue como uma ‘fly on the wall’, Robert Allen Zimmerman (aka Bob Dylan). E que começa até com o mesmo famoso clip de Subterranean Homesick Blues, antes das imagens que acompanham a tournée britânica de 1965. Naturalmente, com as presenças de Joan Baez, Bob Neuwith ou Donovan. Embora sem Pete Seeger (a permitir a composição que conhecemos de EdwardNorton).

“Cuidado com as figuras de culto!”

Vamos então à política, o aspeto logo apropriado pela comunicação social. Chalamet hesitou, percebendo o gatilho político, mas logo devolveu uma resposta acertada. Começando por assumir que “Dylan deixou na sua música e nas suas letras uma intensidade muito relevante. A sua música falou por ele. Foi essa a textura certa para se expressar. Para ele era menos complicado do que fazer ativismo. Bob Dylan expressou melhor o seu ativismo através do rock’n’roll. Vejamos, isso está na natureza da música dele. Desde logo, os avisos contra as figuras de culto. Fujam deles! Não falarei por ele, porque está alive and well, in Malibu. Mas a minha interpretação é apenas ter cuidado com figuras que se equiparam a salvadores. O que eu gostava de ter aprendido era ter cuidado com qualquer pessoa que diga que tem uma solução.”A frase vem de “Dune”, ou da pena de Frank Herbert, mas acaba por ter uma aplicação adequada e permitir diversas interpretações. Mesmo (ou sobretudo) no campo político.

“Sou um fã de filmes que funcionam”, referiu em jeito de síntese. “Não direi que sou o ator mais talentoso, mas tenho um bom coração e esforço-me muito. E não tinha a certeza de que este projeto iria funcionar.” Mas funcionou.

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