Sexta-feira, Março 28, 2025
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Berlinale: Com surpresa, “Dreams” norueguês vence Urso de Ouro

Drømmer (Dreams (Sex Love)), o ligeiro drama romântico, do norueguês Dag Johan Haugerud, foi o vencedor do Urso de Ouro, o prémio mais importante do Festival de Berlim, ao passo que O Último Azul, de Gabriel Mascaro, recebeu o prémio do Júri. O chinês Huo Meng foi o Melhor Realizador.

Todd Hayes, o presidente do júri internacional, inscreveu Dreams, a terceira parte da trilogia Sex, Love, Deram, do norueguês Dag Johan Haugerud, no cartão de vencedor do Urso de Ouro da 75.ª edição do Festival de Berlim. O prémio está dado, mesmo que faça os sobrolhos a muitos jornalistas que acompanharam os 19 filmes a concurso nestes 10 dias de festival. A verdade é que esta narrativa pueril sobre o ‘primeiro amor’, estava longe das discussões da crítica internacional presente. Curiosamente, a primeira parte, Sex, foi sido exibida o ano passado na Berlinale, embora na secção Panorama. De referir que o filme recebeu ainda o prémio FIPRESCI, da crítica internacional.

Seguramente, um dos favoritos deste festival (por exemplo, pelos críticos que acompanharam o Cinema Sétima Arte), foi O Último Azul, de Gabriel Mascaro, recebendo o Grande Prémio do Júri (além do prémio ecuménico). Empolgante, a deriva, semi-distópica, de uma idosa (tremenda Denise Weinberg) que resiste ao aposentamento forçado e à entrada numa ‘colónia’ de idosos e embarca numa fascinante aventura pela floresta Amazónia. Já o desinteressante El Mensaje, do argentino Iván Fund, foi o novo Prémio do Júri.

No plano interpretativo (sem distinção de género), a principal distinção foi para a prestação fulgurante de Rose Byrne, em If I Had Legs I’d Kill You, de Mery Bronstein, levando aos limites o turbilhão psicológico e familiar que se vive no filme. Ao passo que a prestação secundária foi para Andrew Scott, no filme Blue Moon, do americano Richard Linklater, para alguns, o favorito à conquista do Urso de Ouro.

A premiação principal inclui ainda guião efervescente de Radu Jude, que inflama Kontinental ‘25, e o prémio de contribuição artística para o filme da francesa Lucile HadzihalilovicLa Tour de Glace.

"Blue Moon" (2025), de Richard Linklater
Blue Moon (2025), de Richard Linklater

Berlinale em balanço

Em jeito de balanço, não de pode dizer com grande segurança que a 75.ª edição da Berlinale tenha sido memorável. Independentemente das decisões do júri da principal secção competitiva, certamente as mais relevantes, ficamos com a sensação que deixou algo a desejar. É essa a sensação que fica do conjunto dos filmes selecionados para o concurso ao Urso de Ouro, o prémio do cinema mais importante depois da Palma de Ouro, em Cannes, e o Leão de Ouro, em Veneza. Não que seja algo da responsabilidade da americana Tricia Tuttle, a nova diretora do festival, embora ela própria tenha uma carreia de programadora de festivais.

A verdade é que a qualidade média dos filmes desta edição esteve longe de impressionar – veja-se a lista de pontuação média do Cinema Sétima Arte, onde mais de metade dos filmes tiveram uma pontuação a baixo dos 3 valores. Sendo que os três filmes com pontuação de Urso de Ouro (recordemos: a produção chinesa “Living the Land”, o filme brasileiro “O Último Azul” e “If I Had Legs I’d Kill You”) foram todos premiados. A maior ironia é que “Dreams” ficou abaixo (pela nossa pool) de uma classificação positiva. Lá está, é o trabalho democrático a funcionar. E que tem de adequar as opiniões de todos.

Timestamp, de Kateryna Gornostai.

A terminar, uma nota final, para reforçar que se esperava muito desta edição – sobretudo que Berlim pudesse dar uma mensagem politicamente cinematográfica ao mundo, em vésperas de eleições fulcrais. Infelizmente, os resultados não impressionam. Fiquemo-nos com a verve de Radu Jude (que deixou no cartaz com o seu rosto, à entrada da sala principal, no Berlinale Palatz, a mensagem muito direta: “FUCK PUTIN + TRUMP!” Até o justo documentário Timestamp, da ucraniana Katerina Gornostai (ela foi mãe há quatro dias), sobre a vida escolar nas cidades perto das zonas da frente, passou despercebido ao júri.

Para o ano há mais.

Palmarés Berlinale 75

Urso de Ouro – Melhor Filme
Dreams (Sex Love)

Urso de Prata – Grande Prémio do Júri
O Último Azul

Urso de Prata – Prémio do Júri
The Message

Urso de Prata – Melhor Realização
Living the Land

Urso de Prata – Melhor Atuação Principal
Rose Byrne, por If I Had Legs, I’d Kick You

Urso de Prata – Melhor Atuação Secundária
Andrew Scott, por Blue Moon

Urso de Prata – Melhor Argumento
Radu Jude, por Kontinental ’25

Urso de Prata – Melhor Contribuição Artística
The Ice Tower, de Lucile Hadzihalilovic

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