Para um filme que ostenta o título imponente de Churchill, será natural antecipar um biopic daquele que é considerado ainda “o britânico de todos os tempos”, pelo menos segundo o último inquérito feito em 2002. Pena é que o resultado fique aquém da adequada dimensão do estadista, aproximando-se mais do registo do telefilme. No fundo, um território familiar a Jonathan Teplitzky, talvez com a exceção do interessante The Railway Man – Uma Longa Viagem (2013), curiosamente também sobre uma memória de guerra. Uma falta de experiência que se estende ao estreante Alex von Tunzelmann, apenas com a assinatura num episódio para televisão da série Medici.
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Brian Cox até prova ser uma escolha feliz para encarnar a enorme galeria daqueles que já interpretaram a eminente figura do “grande bulldog”, revelando-se credível a segurar os trejeitos, bem como os enormes charutos. Se bem que a opção por uma ação de bastidores e alcova, aliada a uma opção meramente decorativa dos parceiros militares da Operação Overlord, os generais Dwight Eisenhower (John Slattery, de Man Men) e Montgomery (Julian Wadham), acabe por limitar bastante o interesse. Talvez a maior exceção seja mesmo Miranda Richardson, enorme como a empenhada e firme esposa Clementine.
O filme terá toda a legitimidade em centrar-se no ocaso do protagonismo político de Winston Churchill, em 1944, e particular no countdown para o dia D, e o consequente desembarque maciço na Normandia, e a resistência pessoal ao custo dispendioso de vidas humanas que teria tal ofensiva. Pena é que reduza a narrativa ao dilema do político e a essa preocupação humanitária, algo que na realidade nem era bem assim, pelo menos na altura da invasão. We mustn’t let it happen again, recordará o homem do sobretudo negro e chapéu de coco atormentado ainda pelo flagelo da “guerra para acabar com todas as guerras”. O problema é que Churchill perde-se algures entre o retrato pessoal e o de estadista. Afetado por isso, o filme voa sempre baixinho nunca chegando verdadeiramente a levantar.