Vimos Harry Dean Stanton pela última vez em Lucky, o filme de John Carrol Lynch, quando se afastava naquela região desértica do Novo México. Possivelmente, para morrer de forma discreta. De resto, esse filme parecia ensaiar aquilo que veio a suceder a noite passada quando nos deixou aos 91 anos.
É também aqui que Stanton revista um cenário que podia muito bem ser retirado de Paris, Texas, de Wim Wenders, vencedor da Palma de Ouro, e Cannes, em 1984, afinal de contas o filme que mais o celebrizou. E que partilhou essa deriva com Nastassja Kinski, curiosamente presente em Locarno este ano e com quem tivemos a oportunidade de recordar Harry Dean na nossa entrevista, referindo-se a ele da forma mais carinhosa: Fiz três filmes com o Harry Dean. Ele é fantástico como homem e como ator. Um filme que a atriz recorda com agrado: Esse filme tem um lugar muito especial para minha vida. Tudo se deve ao Wim (Wenders). Mas o Wim é a minha vida.