O melhor filme de 2019? É o monumento chamado ‘Vitalina Varela’
Paulo Portugal
As presentes escolhas refletem os filmes vistos no decorrer do ano (nem tudo vimos, claro, alguns por impossibilidade e inúmeros por decisão própria).
Fizemos algumas alterações ao nosso top 10, depois de, finalmente, ver o irrecusável Mule, de Clint Eastwood.
VITALINA VARELA: O Requiem negro de uma cabo-verdiana
Vitalina Varela foi aquele que nos remeteu de forma mais consistente para uma ideia de cinema, de movimento, de memória. Pedro Costa depurou assim ao limite o seu cinema, procurando a luz nas trevas e o fragmento que outrora foi fotografia e antes disso pintura. E é tudo isso o cinema assombrado de Pedro Costa, é tudo isso Vitalina Varela.
Mektoube My Love é talvez o oposto de Vitalina Varela. É o cinema profundamente orgânico e sensorial de Kechiche, o cinema da luz e do sol, mas também do tempo, da sensibilidade e da sensualidade.
ERA UMA VEZ… EM HOLLYWOOD: Tarantino não está ‘out of time’
Possivelmente, o grande filme de Cannes 2019. Talvez não terá ganho pelo excesso de testosterona, indigesto para muitos, na combinação (talvez arriscada por excessiva) entre Leonardo DiCaprio e Brad Pitt. Seja como for, fica “um misto de celebração aggiornada de um cinema fora de moda, embora espevitado pelo inegável lado endiabrado de Quentin a dar-lhe sangue novo”.