Já se sente uma vibração muito positiva em redor do corvo do Indie. Prestes a revelar os novos filmes de Manuel Mozos (o único inédito), bem como de Rita Azevedo Gomes, Jorge Jácome, Inês T. Alves, Adirley Queirós e Joana Pimenta ou ainda Paulo Carneiro e Susana Sousa Dias, entre outros.
Ainda faltam algumas semanas, mas começa já a sentir-se uma certa agitação em redor do IndieLisboa, edição 2022. Se é verdade que muito haverá para descobrir nas diferentes secções, a invulgar presença do cinema português motiva um destaque e atenção especiais. Não só por ser a maior Competição Nacional de sempre, mas sobretudo pelo elevado grau da qualidade que encerra.
Ao todo estarão nove longas metragens a concurso, numa seleção que teve em conta “obras de autores de gerações diferentes, com abordagens distintas entre si”, como informa o recente press release do festival, sublinhando a “prova de vitalidade que se vive actualmente no cinema português”. Aliás, em linha com a impressionante presença lusitana no festival de Berlim, que o CINEblog testemunhou em fevereiro passado. Não vale a pena escondê-lo, é mesmo uma das edições mais fortes de que há memória. Vamos então a eles?
Iremos ainda revisitar o endiabrado e politicamente engajado Mato Seco em Chamas, da dupla Adirley Queirós, um ex-futebolista profissional convertido em cineasta, e Joana Pimenta, artista visual portuguesa, evocando um cinema de resistência na região da periferia de Brasília, que “é mais um passo na direcção do cinema-comunidade”, como descreveu a Cátia Rodrigues, em fevereiro passado. A realizadora Inês T. Alves foi encontrar a motivação para o seu filme Águas do Pastaza, a partir da observação das crianças da comunidade Achua, residindo perto do rio Pastaza, entre o Equador e o Peru.
São também as crianças que motivam o trabalho Viagem ao Sol, de Susana Sousa Dias e Ansgar Schaefer. Uma vez mais usando imagens de arquivo familiares para reflectir sobre as experiências de crianças austríacas que viajaram da Áustria para Portugal, no pós-Segunda Guerra Mundial ou ainda Frágil, de Pedro Henrique.
Em Via Norte, Paulo Carneiro investiga a nostalgia de um grupo de emigrantes lusos em redor da materialização do sonho em quatro rodas, ao passo que Rua dos Anjos propõe uma reflexão em torno do cinema e do sexo, como parte da vida e a arte de Renata Ferraz e Maria Roxo.
Então e as curtas?
A programação encontrou também um adequado equilíbrio de propostas que reflectem a diversidade entre realizadores consagrados e uma nova geração. Entre os mais experientes, talvez Ico Costa seja o mas regular, desta vez, com a experiência da juventude moçambicana, em Domy + Ailucha – Cenas Kets! Teremos também a experiência de Pedro Cabeleira, o realizador do Entroncamento, que analisa em By Flávio, a curta que esteve a concurso para o Urso de Ouro na Berlinale, uma forma de “empoderamento intrépido”, como descreveu a Vera Barquero, do CINEblog. Maria Inês Gonçalves regressa com O Banho, uma “meditação sobre a magia de tomar banho”.
Teremos ainda o cinema em formato de curta, da autoria de Janine Gonçalves, com Às Vezes os dias, às Vezes a Vida, sobre a realidade e os desafios da vida de uma mãe dividida entre trabalhos diferentes. Azul, de Ágata de Pinho, com uma mulher a questionar dos limites da existência. Mistida fala-nos das diferenças entre gerações em registo de emigração, na proposta do luso-guineense Falcão Nhaga. Por fim, Pedro Neves Marques acompanha dois casais queer que lidam com questões de fertilidade em Tornar-se um Homem na Idade Média.
[Foto em destaque: © IndieLisboa]