A cidade do País Basco, conhecida pela sua luxuosa gastronomia, praias urbanas e cultura de surf, promove uma vez mais a diversidade numa das mostras mais emblemáticas do cinema europeu e do mundo. A 73ª edição do Festival de Cinema de San Sebastian (que decorre de 19 a 27 de setembro) promete, outra edição de luxo.
A abertura, no próximo dia 19, ficará a cargo de 27 Nights, de Daniel Hendler, ator e realizador uruguaio, narrando a história de uma milionária de 80 anos, internada de urgência numa clínica psiquiátrica pelas filhas, numa narrativa que aborda temas de envelhecimento, memória e crise familiar. Por certo, promete despertar, logo na abertura, a emoção do público.
Seleção de ouro
Já a cerimónia de encerramento será entregue a Winter of the Crow, um filme da polaca Kasia Adamik. Retrata-se aqui a chegada de uma professora britânica, interpretada por Lesley Manville, à Polónia, em dezembro de 1981, no contexto da imposição da lei marcial. A narrativa explora o medo, a esperança e a resistência num momento de repressão política.
O festival conta com grandes nomes realizadores europeus, desde logo com o mais recente registo da francesa Claire Denis, Le Cri des Gardes, convocando o regresso de Matt Dillon e, sobretudo, Isaach de Bankolé, com quem Denis trabalhou em 1988, no clássico Chocolat. Também de volta o alemão Edward Berger (após apresentar o ano passado, em Donostia, Conclave, vencedor do Óscar de melhor argumento) com Ballad of a Small Player, protagonizado por Colin Farrell e Tilda Swinton e ambientado em Macau. Quem regressa também a Donistia, e à competição, é o belga Joachim Lafosse, com Six jours ce printemps, revelando um drama perturbado por um acidente que destabiliza a harmonia familiar.
Em destaque vão estar igualmente novos talentos, como Olmo Omerzu, na sua primeira participação na competição, com Seres Ingratos, uma história sobre adolescentes em férias, e a argentina Dolores Fonzi, com Belén, uma obra baseada numa história real, sobre um advogado lutando pela liberdade de uma jovem presa após um aborto espontâneo.
Ainda na Seleção Oficial, mas fora de competição, não perderemos a estreia na realização de Juliette Binoche, em IN-I in Motion, revisitando a sua colaboração teatral, de 2007, com o coreografo Akram Khan. Também o lançamento de Climbing for Life, do japonês Junji Sakamoto, baseado na vida da montanhista Junko Tabei, ambos apresentados fora de competição.
Pérolas de cinema
Está tudo? Nada disso. Faltam as Pérolas, a Retrospetiva, os Clássicos, os Novos Realizadores, os Horizontes Latinos, os filmes da Tabakalera. A verdade é que cada uma destas secções tem muito para dar. Uma das vantagens do festival ser apresentado precisamente nesta altura, tem como consequência a possibilidade de apresentar alguns dos filmes mais marcantes de Cannes e Veneza. Este ano não será diferente. Ou talvez, para melhor ainda!
O desafio vai ser o da resiliência. A programação desafia todos os limites ao aproximar-nos de filmes como Nouvelle Vague, de Richard Linklater, O Agente Secreto, de Klébeber Mendonça Filho, L´Étranger, de François Ozon, It Was Just an Accident, de Jafar Panahi ou The Voice of Hing Rajab, de Kaouther Ben Hania! E vamos todos gritar: fim ao genocídio em Gaza!

