Quinta-feira, Fevereiro 6, 2025
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Portugueses na Berlinale: Paula Tomás Marques defende uma dissidente de género

A cineasta portuguesa Paula Tomás Marques estará a concurso na 75ª edição do Festival de Berlim, que decorre de 13 a 23 de fevereiro, com a sua primeira longa metragem, Duas Vezes João Liberada. É o único filme portugês em competição na Berlinale.

Duas Vezes João Liberada integra a nova secção Perspectives, criada pela nova diretora, Tricia Tuttle, dedicada a primeiras obras de ficção. Refira-se que esta mudança surge na substituição da secção Encounters, onde o ano passado Margarida Gil apresentou Mãos no Fogo e há dois anos deu a João Canijo o Prémio do Júri por Mal Viver.

A atriz portuguesa Maria de Medeiros também deverá estar em Berlim, já que representa um filme a concurso para o Urso de Ouro. Trata-se de Reflet dans un diamant mort, do duo francês Hélène Cattet e Bruno Forzani, abordando a história de um septuagenário francês num hotel de luxo na Riviera Francesa que recorda momentos traumáticos ali passados durante os anos 60, quando era um espião num mundo em plena expansão e cheio de promessa.

Valerá a pena referir que Duas Vezes João Liberada é uma produção independente, assegurada por Cristiana Cruz Forte e Paula Tomás Marques em colaboração com a atriz principal e co-argumentista, June João. Esta longa-metragem vem distribuída pela Portugal Film — Agência Internacional de Cinema Português, tendo no elenco June João, André Tecedeiro, Jenny Larrue, Alice Azevedo, Caio Amado, Eloísa d’Ascensão e Tiago Aires Lêdo.

Ao apresentar o festival, Tuttle descreveu esta produção nacional como um verdadeiro “filme dentro de um filme”. Aliás, a sinopse reza que “João, uma atriz lisboeta, protagoniza um filme histórico biográfico sobre Liberada, uma jovem dissidente de género perseguida pela Inquisição. Após o realizador do filme ficar misteriosamente paralisado, João é assombrada pelo espírito da personagem”.

A realizadora confessou, numa nota à imprensa, que esta é uma tentativa de “reconstruir e representar histórias queer no cinema, refletindo sobre os modos de escrita da História, as limitações narrativas de uma produção cinematográfica e o papel da atriz no processo criativo”.

Apesar desta ser a sua primeira longa-metragem, a cineasta portuense de 30 anos possui uma mão-cheia de curtas: entre elas, Dildotectónica, vencedora da melhor curta nacional no IndieLisboa, em 2023, além de Em Caso de Fogo (2019), um filme realizado em contexto escolar embora vencedor do prémio NEST do festival de San Sebastian,

A participação do cinema português completa-se com duas co-produções: o filme peruano La Memoria de las Mariposas, de Tatiana Fuentes Sadowski, exibido na secção Fórum, é co-produzido pela Oublaum, de Ico Costa, ao passo que a média metragem do indonésio Riar Rizaldi, Mirage: Eigenstate, será exibida no Fórum Expanded. Trata-se de uma encomenda do museu britânico Gasworks (e que poderá ser vista, em Lisboa, no Hangar, entre o próximo dia 25 e o início de abril.

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