Uma vez mais o LFF demonstrou que faz parte dos festivais de série A. Reúne o melhor do cinema dos principais festivais, apresenta inúmeras novidades e povoa as passadeiras vermelhas das vistosas Galas da Leicester Square de estrelas, inúmeras personalidades e um público ávido de ver bom cinema. Este ano, o festival abriu em glória com ‘Never Let Me Go’, uma evocação da adolescência a partir do romance de Kazuo Ishiguro, devidamente acompanhado das vedetas ‘brit’ Carey Mulligan e Keira Knightley, e encerrou com a pungente e arrebatadora prova de vida de ‘127 Horas’, do oscarizado Danny Boyle, com James Franco no papel do montanhista Aron Ralston forçado a privar-se do braço direito para libertar-se da rocha onde ficara preso durante cinco dias. O filme continua a provocar ondas de choque.
‘127 Hours‘, de Danny Boyle
Quem está habituado ao circuito dos principais festivais de cinema internacionais, sabe bem que para além de Cannes, Berlim, Veneza e Toronto, há que incluir também Londres no série A do circo festivaleiro. Pode nem ter sido sempre assim, mas as quase duas semanas de mostra de grande cinema do London Film Festival, já na sua 54ª edição, impõe-se com uma enorme montra do melhor cinema do mundo que chega à Europa. É precisamente esse o propósito da programação, sobretudo focada nos diversas salas dos cinemas Vue que dá corpo à importante secção Films On The Square. Foi aí possível ver, entre outros, a brilhante história de amor com a dupla Michelle Williams e Ryan Gossling, em ‘Blue Valentine’, de Derek Ciafrance, mas também ‘Archipelago’, de Joanna Hogg, o regresso de Takashi Miike ao género de samurai clássico, ainda que a manter o seu habitua tom sangrento, em ’13 Assassins’. Mas os exemplos imperdíveis são inúmeros: ‘Carancho’, de Pablo Trapero, ‘Film Socialism’, de Jean-Luc Godard, ‘Hartbeats’, do muito jovem Xavier Dolan, ‘Kaboom, de Gregg Araki, ‘Meeks Cutoff’, de Kelly Reichard ou o surpreendente ‘Submarine’, de outro jovem chamado Richard Ayoade de que valerá a pena reter o nome. Pode tornar-se fastidioso enumerar títulos, mas estes serão todos filmes para descobertas obrigatórias.
As secções são igualmente variadas, com as escolhas inteligentes, diversificadas e acutilantes da directora artística Sandra Hebron e directora do LFF, Amanda Nevill, a dividiram-se ainda pelo novo cinema britânico, francês, europeu, cinema do mundo, experimental , clássicos, animação e curtas.
Trata-se mesmo de um caso sério de sucesso que esgota as diversas sessões, motivando muitas vezes q&a com o realizador. E tem inclusive, notas originais que os distinguem dos demais. É o caso dos ‘teas with the filmakers’, em que possibilitam encontros e momentos de descontracção com realizadores com valiosas trocas de informação. Como é habitual em vários festivais, a oportunidade de ter realizadores-chave a comentar a sua obra em ‘master classes’ é também uma aposta forte do festival em encurtar distancia entre o público e os autores. Este ano, Darren Aronofsky, Mark Romanek, Alejandro González Iñarritu, Peter Mullan e Oliver Assayas foram os convidados.
Pela segunda vez consecutiva aceitámos o convite do LFF e percebemos que a segunda quinzena de Outubro passa a ficar marcada pela montra londrina. Após Veneza e imediatamente antes do recente certame de Roma que insiste em marcar uma presença. É essa a nossa próxima paragem, antes do início do ano em Berlim.
Para breve, uma lista crítica do que de melhor passou em Londres. Quer tenha sido descoberto no LFF ou num outro festival anterior. Falhámos alguns, como ‘Archipelago’, ‘Aurora’ ou ‘Neds’, entre outros, que terão de ser recuperados num cinema (ou festival) perto de nós.