Quando um casal é surpreendido na cama pela policia que sublinha a proibição do casamento de um branco com uma mulher negra, revivemos também um pouco esse período inenarrável da história americana no inicio dos anos 60. Mesmo sem ser um filme de exceção, trata e evoca um o tema do casamento inter-racial, quando era ainda proibido, com força de lei.
Em Loving, o branquinho Jeff Nichols concorreu à última Palma de Ouro de Cannes, afirmando a negra Ruth Negga numa real prestação. Apesar de baseada em factos reais, no caso de Mildred Loving, a mulher negra que aceita ser exemplo ao casar-se com um branco loiro (enorme Joel Edgerton, uma pena não ter sido nomeado também), em pleno terreno red neck de Virginia, onde esse casamento era considerado um crime, levando mesmo por levar a sua causa ao Supremo Tribunal americano.
Negga é enorme na inocência dos seus olhos enormes e deveria ter ganho em Cannes (em vez dela ganhou a filipina Jacklyn Rose, por Ma’Rosa). Está agora ao lado do reconhecimento crescente do papel de Isabelle Huppert, em Elle, Emma Stone, de La la Land, e Natalie Portman no biópico do costume ou até da incontornável Meryl Streep. Fazer história seria dar-lhe o Óscar. Tirando Huppert, o resto é déjà vu. Mesmo que se trate de um filme temático a recordar o inimaginável que aconteceu, Loving tem, pelo menos, o mérito de colocar o dedo na ferida aberta e trazer para a discussão a ignominia racial. Por cá, o filme ainda não tem data de estreia. Esperemos apenas que Ruth não leve uma nega….
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