Justamente por se tratar de uma franquia bem-sucedida, Transformers – O Último Cavaleiro trouxe muitas expectativas aos fãs, desde o seu anúncio previsível, pois o filme anterior já sugeria uma sequência, até o lançamento do seu trailer. Entretanto, este filme apresentou algumas surpresas desagradáveis.
O antecessor, Transformers – A Era da Extinção, lançou algumas pistas ao espectador sobre a continuidade da história, claramente um aviso sobre um novo filme. Além de definir o objetivo principal do protagonista, Optimus Prime, há perguntas a serem respondidas – como, por exemplo, quem seriam os seus criadores e porque os Transformers foram criados.
Esta é a primeira imagem que o espectador tem sobre Transformers – O Último Cavaleiro, e por mais estranho que isto possa parecer, é o seu último foco. Isto quer dizer que esta questão acaba por ficar em segundo plano, como uma história paralela, mas sem muita importância. É curioso a forma como, de uma cena para outra, o filme se perde em inutilidades. A sensação de estar a ser arrastado, cena após cena, acompanha o espectador em 90% do filme.
O problema começa no argumento. Há demasiado desenvolvimento para personagens com pouca influência na história, enquanto aquelas que realmente mereciam mais tempo de ecrã ficam negligenciadas, tratadas como secundárias.
Entretanto a negligência não fica por aí. Alguns dos elementos importantes, e cenas clássicas da franquia, ficam, também, sem a atenção merecida. Os momentos críticos da história são vários, mas muito mal aproveitados. Passam-se tão rapidamente, que questionamos, ou até mesmo esquecemos, a sua importância.
A nível de adaptação da história, também houve problemas. A mitologia dos Transformers, criada na banda desenhada, estava diferente e estranha. Acrescentar um novo ponto de vista sobre uma história já existente não é exatamente um erro. O problema é quando esta inovação fere as caracterizações da história original, de forma que fique pouco reconhecível. O problema de Transformers – O Último Cavaleiro foi justamente mudar os pontos errados da história, o que afetou não só a sua identidade, mas também a sua continuidade. Ou seja, a trama poderia ter sido desenvolvida de forma mais conseguida, se não fosse pela ousadia em diminuir vários dos Criadores desses robôs numa Criadora com quase nenhuma referência à mitologia original.
As qualidades do filme são poucas, ainda que notáveis. Desde logo a computação gráfica e os efeitos especiais, bem como um adequado efeito 3D.
Para além das suas poucas qualidades, é difícil dizer o que deu certo em Transformers – O Último Cavaleiro, porque o filme não funciona bem nem como sequência nem como uma aventura simples. Há problemas de continuidade, não só em relação aos acontecimentos gerais da franquia, bem como no seu próprio argumento; há problemas de equilíbrio no desenvolvimento das personagens; há questões que não foram respondidas, e algumas coisas parecem simplesmente acontecer por acontecer. A história não responde a nenhuma das questões propostas nem no filme anterior nem no seu enredo atual. Até o seu próprio título é confuso, sugerindo mais de um “último” cavaleiro.