The Disaster Artist, de James Franco, ganha a Concha de Ouro, sagrando-se o grande vencedor do 65º Festival de San Sebastian. Pelo menos na opção do júri liderado por John Malkovich e coadjuvado por William Oldroyd, Emma Suarez, André Szankowski, Dolores Fonzi, Paula Vaccaro e Jorge Guerricaechevarria.
Uma escolha que não deixa de surpreender já que não era dado como favorito nos comentários com os colegas que acompanharam o festival. Sem retirar o inegável mérito a James Franco pela reconstituição da criação daquele que é considerado um dos mais colossais falhanços na 7ª Arte, e por isso mesmo alvo de toda a curiosidade e o culto baseado na pateada, ainda assim, este filme sobre o cinema ou o sonho do cinema, não pretende oferecer mais do que essa porta para um outro filme, o famigerado The Room, de Tommy Wiseau.
Mas será que quando o mais relevante é a reconstituição rigorosa dessa rodagem, seguramente repleta de peripécias, bem como o mimetismo das personagens, oferece material suficiente para este prémio? Temos algumas dúvidas. The Disaster Artist é uma (boa) comédia sobre o making of de um mau filme. É claro que não faz dele um mau filme, seguramente, um crowd pleaser, tal como é o o avassalador Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, de Martin McDonagh (ler crítica), de resto vencedor do melhor argumento em Veneza e o preferido do público em San Sebastian.
Certo é também que faltava na seleção competitiva grandes filmes que tornassem a disputa da Concha de Ouro mais forte. Talvez a grande excepção fosse mesmo o alemão Der Hauptman, de Robert Schwentke, exibido no último dia e claramente o nosso favorito, bem como o de vários outros jornalistas com quem fomos falando, após o choque da projeção da imprensa. Nesse sentido, talvez o único filme com uma dimensão de legitimamente poder ambicionar esse prémio. Não só pela dimensão universal da história terrível que Schwentke adapta a partir de documentos que levantam alguma luz sobre atrocidades cometidas por alemães contra alemães nos últimas semanas do conflito de 1945, bem como pelo cinema mais intenso que vimos nos últimos tempos.
Claro que não se trata de fazer qualquer tipo de comparação entre dois filmes, nem isso nos parecia justo, mas desde já motivar a curiosidade para dois filmes (provavelmente os únicos na secção de competição) com distribuição assegurada em Portugal. Uma coisa é certa, James Franco fica bem melhor na cerimónia dos prémios.
VENCEDORES DO 65º FESTIVAL DE CINEMA DE SAN SEBASTIAN
COMPETIÇÃO OFICIAL
Concha de Ouro – The Disaster Artist, de James Franco (EUA)
Concha de Prata, Realizador – Anahí Berneri (Alanis, Argentina)
Concha de Prata, Melhor Atriz – Sofía Gala Castiglione (Alanis, Argentina)
Concha de Prata, Melhor Ator – Bogdan Dumitrache (Pororoca, Roménia, França)
Prémio Especial do Júri – Handia, de Aitor Arregi , Jon Garaño, Espanha
Fotografia – Florian Ballhaus (The Captain, Alemanha, Polónia, França)
Argumento – Diego Lerman, Maria Meira (A Sort of Family, Argentina, Brasil, Polónia, França)
Outros prémios
Filmes em Progresso – Rust, de Aly Muritiba, Brasil
Prémio da Indústria local em progresso – Dantza, de Telmo Esnal, Espanha
Prémio Espanha Cooperação
Alanis, de Anahí Berneri, Argentina
Prémio TVE Outro Olhar – Custody, de Xavier Legrand, França
Prémio Basco Irizar – Giant, de Aitor Arregi , Jon Garaño, Espanha
Prémio do Público Filme Europeu – Custody, de Xavier Legrand, França
Prémio do Público Melhor Filmes – Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, de Martin McDonagh (EUA)
Prémio Zabaltegi – Tabakalera – Braguino, de Clément Cogitore, França
Prémio Horizontes – Los Perros, de Marcela Said, Chile, França
Prémio Kutxabank Novos Realizadores – The Sower, de Marine Francen, França