Terça-feira, Dezembro 10, 2024
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Thierry Frémaux: “Portugal é um país cinematográfico”

O senhor Festival de Cannes, veio a Lisboa apresentar Lumière! – A Aventura Começa

 Há entrevistas e entrevistas. Mas conversar com o responsável pelo desenho de cada edição do Festival de Cannes é como relativizar qualquer das vedetas que por lá desfilam. Ele que terá provavelmente o telemóvel mais recheado de contactos de estrelas de cinema de todo o mundo. Amigo pessoal de Nicole Kidman, Leo DiCpario ou Scorsese, Thierry Frémaux leva muito a sério tudo o que faz. Talvez por isso a meia hora que nos concedeu de conversa olhos nos olhos tenha sido tão fértil em assuntos. Não apenas na sua qualidade de delegado geral do Festival de Cannes, cargo que desempenha desde 2007 (e de delegado artístico desde 2001) ou Presidente do Instituto Lumière em Lyon, mas pela disponibilidade de vir a Lisboa apresentar Lumière! – A Aventura Começa, escolhido para abrir a 18ª Festa do Cinema Francês, e que chega esta semana às salas (em Lisboa, no Cinema Ideal e UCI El Corte Inglés, e Porto, no UCI Arrábida), um filme que insiste não ser seu, mas de Auguste e Louis Lumière, os inventores do cinema e do cinematógrafo, por isso posso dizer que é genial, diz a certa altura sem falso pudor. É mesmo. Conheça-se ou não alguns ou muitos dos 108 excertos dos cerca de 1500 filmes dos manos Lumière, em que o Instituto Lumière trabalha para a sua recuperação e restauro, ficamos com a sensação, após esta curta sessão de uma sucessão de pequenas curtas preciosas sem ultrapassar os 55 segundos, que estes inventores também foram os primeiros cineastas autores de uma nova forma de arte. E onde se vê, de resto, uma arte que tem sido replicada ao longo dos anos. De Cannes a Lyon, de Lyon a Cannes, assim também foi a nossa franca conversa. Sempre entre o melhor de dois mundos.

Está a gostar de Portugal? Já cá tinha estado?

Sim, já cá tinha estado no festival do Paulo Branco. Em todo caso, a digressão Lumière! tem-me permitido ir a países onde queria ir, como Portugal. Algo que me ajuda, mesmo para Cannes, para saber como se passam as coisas em cada país que visito. Porque em Paris ou em Cannes estamos sempre com os mesmos e apercebo-me que é assim que nos vamos apercebendo do estado do cinema nos diferentes países.

Este Lumière! é um pequeno tesouro! Para mim, mesmo como cinéfilo, é uma verdadeira descoberta, pois como se refere no filme, o universo do cinema dos irmãos Lumière vai muito para além dos dois ou três filmes que toda a gente conhece. Como foi que de um trabalho imenso de recuperação passou para um filme seleção sobre a obra de Auguste e Louis Lumière?

Tudo começou pela restauração. Existem 1500 filmes catalogados dos Lumière e que não estavam anteriormente. Entretanto já foram restaurados 150 filmes, portanto apenas 10%. Já estava habituado a mostrar os filmes e a comentá-los ao vivo. Entretanto, fizemos um DVD de museu e pensámos na possibilidade de os exibir em sala. Mas isto apenas para ter alguns espetadores e mostrar a marca Lumière, como uma espécie de prenda à memória dos Lumière. Claro que este não é um filme de Thierry Frémaux, mas apenas composto e comentado por mim. Os filmes são Lumière, o que me permite de dizer que são geniais. Mas não é o meu filme, é deles. E queria também com os filmes Lumière fazer um filme Lumière. E correu muito bem. Em França tivemos 820 mil espetadores e o filme já foi vendido para 38 países. Com isto percebemos que as pessoas querem participar desta história. São filmes universais.

Há muitas coisas nestes filmes selecionados que me surpreendem e deslumbram, mas para si, gostava de lhe perguntar, qual foi a grande descoberta, se é que teve alguma?

Aqueles que inventaram o cinema, não foram só técnicos, mas também os últimos dos inventores e os primeiros dos cineastas. E que cineastas! Pois mesmo que não tivesses inventado o cinema, os filmes que eles fizeram são extraordinários. E numa linhagem que os leva muito longe. Até Jean Renoir, Maurice Pialat, Robert Bresson, etc. O que me agradou, porque sou cinéfilo, foi o talento de cineasta, de realizador.

E o cinematógrafo, mas que enorme invenção! Para si, uma das maiores invenções?

Em todo o caso, a música, a pintura, a literatura nunca saberemos onde foram inventadas. O cinema sabemos. Para nós, cinéfilos, é uma grande invenção, mas também uma invenção que correspondia ao espírito do século. Como diz, os filmes dos Lumière são o encantamento, algo incrivelmente inocente, e nós temos necessidade dessa emoção, dessa sinceridade. Essas imagens são imagens em que podemos ter confiança, não são traficadas. Mas os Lumière inventaram o cinema três vezes: inventam a técnica, a arte e a sala do cinema. Hoje em dia, a sala do cinema é algo incerto, porque a Netflix e as séries de televisão tornam o conceito mais difuso. Mas creio que a nossa ligação às salas de cinema está intacta.

E os Lumière não inventaram também a linguagem do cinema?

Claro! Eu aqui queria fazer apenas uma lição de cinema, uma pedagogia, se quiser. E uma pedagogia do espetador. É que aprendemos coisas sobre o cinema Lumière e aprendemos coisas sobre nós próprios. Quer dizer, com os Lumière reaprendemos a olhar. A paciência do plano, o quadro, a duração do plano…

A mise em scêne

E a mise em scène, claro. O cinema, ainda hoje, tem sempre um realizador atrás da câmara, há uma assinatura. E se há uma assinatura é porque há uma intenção.

Sim, há essa assinatura, mas os seus comentários acrescentam também outras leituras, como a comparação do lançamento de um barco que compara a James Cameron, em Titanic, ou a posição ideal da câmara, à Raoul Wash…

Sim, sim, eu fiz isso porque ao fazermos o futuro histórico, falando de Walsh, mas também de Griffith, etc., isso permite-nos dizer que o gesto de Lumière é o mesmo daqueles que os seguiram. Ou aqueles que fizeram isso depois foi também algo que já tinha sido feito pelos Lumière. Os seja, os Lumière colocaram questões de cineastas.

Neste pequeno grupo de pequenas obras-primas, qual foi, ou quais foram aquelas que mais o emocionaram? Sabemos já que a última o cativou, de resto, comentado no próprio filme.

A pequena rapariga, sim. Sim, acho que é uma imagem belíssima. Mas A saída da Fábrica Lumiére em Lyon também. Ou seja, o primeiro e o último. A saída da fábrica é um filme extraordinário, porque é o primeiro e porque as portas se abrem.

As portas abrem-se e a luz inunda-nos…

Sim. E também, algo que também digo no filme, as primeiras personagens são o povo, os trabalhadores. É verdadeiramente um filme dessa época.

É interessante também associar o comentário de John Ford quando diz que publicar a lenda acaba por ser mais forte do que a realidade.

Sim, porque há lendas magníficas. Ainda que falsas, são formidáveis.

É interessante porque quando pensamos no cinema Lumière pensamos sobretudo na realidade, no documental…

Sim. Para sempre, Lumière é o documentário e Meliès a ficção. Mas não é verdade. Lumière é também a ficção. Lumière é Rosselini, Meliès é Fellini; Lumière é Renoir, é Bresson, é Kiarostami, é Kechiche. É Maurice Pialat. Meliès é Stanley Donen, é Hollywood, é Jacques Demy. Um toma o registo real, o outro reinventa o real. De um lado o cinema realista, do outo o cinema do maravilhoso. Não é uma contradição, é uma complementaridade.

Lumière é muito importante, mas também o Festival Lumière. Para si é o seu pequeno filhote? Como vê essa diferença em relação a Cannes?

É isso. Lyon é o dignatário do nascimento do cinema e não tinha um festival. À medida que o tempo passava dizia-se que teríamos de ter um festival. Nessa altura referi que se deveria fazer o oposto do que se fazia em Cannes. Cannes é o ultra contemporâneo, em Lyon será o património. É normal porque é a cidade berço do cinema. Cannes são as vedetas que desfilam na passadeira vermelha, ao passo que em Lyon não há passadeira vermelha e as vedetas que vêm não é para falar dos seus filmes, mas do cinema dos outros. Em Cannes há competição em Lyon não. Cannes são os profissionais, em Lyon o grande público. Portanto, é um jogo de opostos. Para mim, há muito do meu trabalho de Cannes a fazer este festival.

O melhor de dois mundos, portanto.

Em todo o caso, tenho a consciência de que é um privilégio enorme. Por isso é que trabalho muito para merecer e estar à altura e honra desse desafio.

Este foi, na verdade, um ano incrível para si. Desde os 70 anos do festival de Cannes, o lançamento do livro diário Seléction Officiele, bem como este projeto, o filme Lumière!, e, claro, sem esquecer de novo a preparação do festival Lumière. Como conseguiu concretizar tudo isto?

Sabe, para mim é quase o mesmo trabalho. O meu destino cinéfilo e ‘lyonais’ foi encontrar em Lyon o dever de me interessar pelo Instituto Lumière! É como dizem os americanos um labour of love, é um ato de amor, algo sagrado, um dever mesmo. E o dever não é só que me interesse por isso, mas que torne acessíveis esses filmes a todos. E esse processo não está terminado, há ainda horas e horas de filmes a tratar. Por isso quando o Gilles Jacob me ligou para me aproximar de Cannes eu respondi-lhe que não podia. Mas ele insistiu e disse: “fazes as duas coisas”.

Não teve dúvidas em recusar Cannes? Deixar Lyon estava fora de questão?

Eu não queria deixar Lyon de modo nenhum. Estava fora de questão, porque estava demasiado implicado com o Instituto Lumière. Ainda assim teria sempre feito este filme. Mas ao mesmo tempo, o Gilles percebeu isso e agradou-lhe o facto de eu não ser parisiense e ter gosto pelo património.

Teve dificuldade em arranjar temas para preencher todos esses 365 dias da Sélection Officielle? Percebeu que corria também um risco?

Tive apenas uma crítica negativa de alguém que disse que era um livro demasiado gentil. Mas o digo que não iria falar de gente que não me interessa. É claro que entre Cannes e Lyon muitas coisas se passam, há muita gente e há muito cinema. É claro que queria contar isso. Tinha receio de ser algo impúdico ou egocêntrico, mas acho que conseguir passar a mensagem dessa comunidade de pessoas. É claro que se fosse hoje provavelmente relataria o nosso encontro. Só para dizer que há muitas pessoas no mundo que se batem pelo cinema.

Sendo Cannes este festival global, será que um festival mais pequeno como o festival Lumière, em Lyon, lhe dá um outro tipo de recompensa?

Cannes é como treinar a Seleção Nacional e o Lumière é como treinar um clube, um pequeno clube de bairro.

É a paixão.

Sim, por vezes, conservar uma ligação normal às obras, à ligação à História, ao amor do cinema, ao público, aos críticos, é muito importante. Em Cannes existe uma loucura, como diz, é demasiado grande, por isso é preciso regressar à vida normal.

Quando pensamos em festivais de cinema, Cannes surge-nos naturalmente como o maior festival de cinema do mundo. Como o descreveria Thierry Frémaux? Porque acha que é assim?

Poderia dar explicações, mas não me apetece refletir muito. No fundo, levanto-me de manhã e sei que Cannes é o maior festival do mundo, trabalho para que continue a sê-lo. Mas não preciso de estar a dizer isso a mim próprio. Acabámos de festejar os 70 anos, abrimos uma nova década, portanto retomamos o caminho. Eu estar aqui a conversar consigo é como Bruce Springsteen a fazer acordes de guitarra com um amigo músico. Aqui falamos de cinema. Para mim, fazer o festival Lumière! é algo muito natural para mim. Já Cannes, não somos nós, não é a França, pertence a todos quantos o fazem. É fundamental continuar e avançar, perceber o futuro, mas sem colocar demasiadas perguntas.

Acho que temos em comum outra coisa, porque eu vou a Cannes desde 1999, o mesmo ano em que começou como delegado-geral, se não me engano.

Sim, foi o ano em que cheguei sim.

Quando pensamos quase numa vintena de anos quais são os momentos que recorda com mais ternura?

Acho que a minha primeira subida na passadeira vermelha, que foi em 2001, com o Moulin Rouge, foi muito importante. Foi um filme de autor, hollywoodiano, uma comédia musical, fantástica, etc. Por outro lado, a criação de Cannes Classics foi também muito importante. Para além disso, quando cheguei o facto do Gilles me ter dito que iria aprender o meu métier. E aprendi em três anos. Foi um período que se passou bem, porque quando cheguei dizia-se “não se pode suceder a Gilles Jacob”. No entanto acho que Cannes continuou a seguir o seu rumo e a crescer.

Reparei que ainda há pouco usava o seu telefone quando falava comigo. A minha pergunta é simples: será esse o telemóvel mais rico em contactos do mundo?

Ah, sim, este mais pequeno. Se um dia o perdesse e alguém o encontrasse diria que eu era um mitómano. Ele tem o número do DiCaprio, do Scorsese, da Kidman, do Belmondo…

Com Nicole Kidman, em Cannes

Fala assim de forma informal com todas estas pessoas notáveis, como também lemos no livro?

Sim, sim. Bom, aqueles que são meus amigos. Eu também não sou amigo de todo o mundo. Por exemplo, sou grande amigo da Nicole Kidman, mas não com todas as estrelas de Hollywood. Tal como na vida real, há uma certa química entre certas pessoas e outras não. Mas são as pessoas com quem trabalho. Por isso pronunciei a expressão name dropping no final. É apenas o resultado de ter uma profissão que me liga a pessoas muito conhecidas.

Imagino que trabalhe já na edição de 2018. Vai avançando?

Sim, claro. Vamos fazendo listas. A lista é bela, promissora. Mas a lista de Cannes não é só aquela das pessoas que conhecemos, mas também aquela das que não conhecemos. É fazer descobertas, como Toni Erdmann, como O Filho de Saúl, é tudo isso. Isso ainda não sei. Vamos ver. Mas sei que enquanto falamos há pessoas que estão a trabalhar e a fazer filmes para apresentarem em Cannes daqui a oito meses.

Diria que há alguns meses atrás, ou semanas antes de Cannes 70, que talvez ver na lista da Seleção Oficial, o último filme de Kechiche. Por isso pergunto se, talvez, poderemos ver no próximo ano, a segunda parte do seu Mektoub?

Bom, esse filme não estava ainda pronto para Cannes. Viu-o em Veneza?

Vi, sim.

É belo?

Muito belo. É o amor, a liberdade e não o olhar das nádegas como alguém já disse.

Espero que esteja pronto. É um grande cineasta.

Para si, qual é a maior qualidade para ser delegado geral do Festival de Cannes?

Há dez anos que sou delegado geral. Há dois métiers: a organização de uma manifestação e isso tem muito a ver com o que faço em Lyon; e há, de facto, a seleção. Para fazer a seleção é necessário ser curioso, exigente e generoso. É isso. A exigência e a generosidade.

Wong Kar-Wai, convidado especial no Lumière Festival 2017

Como apresentaria essa edição do festival de Lyon que conta com uma retrospetiva de Wong Kar-Wai?

É a 9ª edição, portanto para o ano que vem é a 10ª edição. Como sempre, tentamos visitar a História no presente. Cada vez mais o cinema contemporâneo e o cinema clássico são misturados. Por exemplo, temos uma “carta branca” do Guillermo Del Toro, há também uma “carta branca” chinesa de Wong Kar-Wai. haverá ainda master classes. Ou seja, quando os Rolling Stones estão em cena também cantam o Satisfaction e não apenas o último álbum. Neste caso, é um festivla de cinema em que há de tudo. Mas é também um festival de admiração. Para além disso, o subtítulo do festival é good films, good food, good friends. No fundo, é essa a receita de um bom festival de cinema.

Um bom amigo do festival será seguramente Bertrand Tavernier…

Sim, já me enviou o texto de elogio ao Wong Kar-Wai e é magnífico.

De resto, será que podemos até fazer uma ligação entre o seu História do Cinema Francês e o seu Lumière!?

Sim, é uma coincidência. Há quatro anos incentivei-o a fazer esse estudo sobre o cinema francês; não queria perder a voz dele a sua cultura, o seu entusiasmo. Temos uma cumplicidade desde sempre; é uma espécie de irmão ou pai do cinema. Cito-o também no filme Lumière! duas ou três vezes porque este cinema diz-lhe muito.

Não gostaria de terminar sem lhe fazer uma pergunta sobre o cinema português. Não estou a falar da participação no festival de Cannes, mas, pessoalmente, como encara o nosso cinema?

Acho que entre os países cinematográficos, Portugal é um dos primeiros países fotogénicos. A França é um país cinematográfico, os Estados Unidos são cinematográficos, Portugal é cinematográfico. Será que isso vem de vocês, dos filmes? Ou de algo igualmente fascinante? É claro que existe uma escola portuguesa muito forte. Quando digo escola é num sentido lato. E há um cinema português importante, que se renova e que se deverá renovar ainda mais.

Manoel de Oliveira recebe a Palma de Ouro honorária em Cannes 2008

Eu estive muito perto do Manoel de Oliveira quando ele recebeu a sua Palma de Ouro. Como vê o seu cinema?

O Manoel tem um cinema fundador.

Ainda moderno.

É preciso ver os filmes, não os vi todos. Mas é por isso que digo que é um cinema fundador. Teve muitos alunos, para o melhor e para o pior. Fez imensos filmes, uns que são muito conseguidos e outros que não o serão. Isso é normal na carreira de um cineasta. Acho que o cinema português promete ainda muito e está a renovar-se. Gosto muito do (João César) Monteiro, do (João) Canijo, entre muitos outros.

Entretanto, li que talvez possamos ter novidades em Cannes sobre a questão das projeções de imprensa e o trabalho dos jornalistas…

Não, não, não, foi apenas uma conversa. Foi uma conversa, não sobre a imprensa, mas sobre as sessões de gala.

Eu sei que isso coloca um problema.

A questão é que as sessões de gala não são uma estreia mundial, mas a quarta sessão mundial, pois o filme foi visto pela imprensa, pelos profissionais e pelo público. A questão é: porque não retribuir a sua importância como um jogo de futebol? Estreia mundial! Como é evidente, os jornalistas veriam o filme ao mesmo tempo. Mas é complicado. Num jornal, por vezes mudam de maquete, renovam-se matérias. Nós também fazemos isso, por isso vamos refletir. Mas a imprensa francesa está contente.

Imagino. Só para terminar, e porque toca na nota desportiva, qual é para si o espaço que dá ao desporto? A bicicleta continua a ser uma oportunidade para refletir?

Sim, penso que o desporto tem um certo valor de arte. Acho mesmo que o cinema e o desporto moderno são semelhantes.

No filme Lumière! vemos as primeiras bicicletas modernas no final do século XIX…

Claro! E os Jogos Olímpicos (da era moderna) foram em 1896. E o cinema foi inventado em 1895. Tudo isso permitiu reinventar o mundo, o cinema permitiu reinventar o futuro. Estas duas disciplinas têm muitas coisas comparáveis, coisas sublimes e outras que não são.

Olímpico é também o seu clube, o Olympique Lyonais.

Sabe, quando falo da sala de cinema comparo sempre com o futebol. Em casa, tenho todas os canais, posso ver todos os jogos. Mas gosto muito de ir ao estádio. Claro que também posso ver todos os DVD’s e tudo isso, no entanto, gosto muito mais de ir ao cinema. Portanto, a invenção dos Lumière tem ainda um grande futuro.

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