Domingo, Outubro 13, 2024
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Christophe Honoré defende Paulo Branco: “foi um produtor essencial para mim”

Foi já no final da nossa entrevista com Christophe Honoré a propósito do filme Plaire AImer e Courir Vite, exibido em Cannes em competição, e ainda sem distribuição nacional, que lhe sugerimos uma comparação dessa história de amor homossexual com o brilhante romance musical As Cancões de Amor, exibido em 2007 também em competição para a Palma de Ouro. E dai a apreciação da sua colaboração com o produtor Paulo Branco, com quem trabalhara por mais de uma vez.

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Ciente da carga que tinha a demanda, Honoré não foi parco em palavras: Vejo-a como uma excelente recordação, apresou-se a frisar. O Paulo foi um produtor essencial para mim. E recordou os três filmes que fez com ele de rajada Minha Mãe (2004), com um ainda muito jovem Louis Garrel, ao lado de uma Isabelle Hupert a assumir a mãe depravada de acordo com o livro de Georges Bataille, Em Paris (2006) e ainda As Cancões de Amor (2007), os dois últimos na Seleção Oficial, embora o primeiro recusado pelo comité, possivelmente face ao conteúdo excessivo. Algo que Honoré recorda por ter sido um filme rechaçado pela imprensa e pelo público – embora um filme em que Branco se bateu pela passagem em Cannes. Na altura, chegou mesmo a pensar que nunca mais faria outro filme. Até que Paulo Branco lhe garantiu que fariam um filme em seis meses. Ter-lhe-á perguntado com quem queria trabalhar e declarou: começamos a filmar dentro de seis meses. Um gesto a la Paulo, como referiu com um sorriso.

O Paulo tem essa loucura, esse desejo de fazer cinema em que o dinheiro não é problema, fez questão em sublinhar. Isso só acontece quando precisamos mesmo dele e não o temos. No entanto, para ele, nunca é um problema para fazer cinema. Por isso, em todos os filmes que fiz com o Paulo quando começámos a filmar não tínhamos dinheiro, diz a rir. Mas sempre os fizemos. Christophe sintetiza assim a visão que tem de Paulo Branco. Ele tem um enorme desejo de fazer filmes.

E então o caso Terry Gilliam? Não tivemos de perguntar porque a sua longa resposta não deixou de o incluir. No que diz respeito ao problema se passa com o filme de Gilliam, naturalmente é algo que me entristece bastante. O Paulo tem uma paixão enorme pelo cinema, mas tem também uma paixão pelo confronto. Estou sempre com ele pelo cinema, mas não sei se estou com ele nesse lado do combate. Em todo o caso, acho que há muito orgulho ferido da parte do Paulo. Ele está convencido que é graças a ele que este filme existe. E hoje está afastado dele.

Naturalmente não conhecemos todos os detalhes, prosseguiu. Acho um pouco mau gosto o processo em que se encontra envolvido. Por fim, assume que Paulo Branco é o único produtor que posso encontrar em Paris, em que tomamos um café e depois disso posso assinar um contrato para fazer três filmes. Será o único produtor que nos convence que se queremos fazer um filme, poderemos fazê-lo na semana seguinte. Acho que terá dito isso ao Terry Gilliam, embora para um cineasta mais próximo de Hollywood isso poder ser mais difícil. Com cineastas franceses e filmes de baixo orçamento pode avançar custe o que custe. E se não custar nada, o Paulo prefere…    

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