InícioEntrevistasJoão Mário Grilo sobre Vieirarpad: "O meu objectivo fundamental era pensar o... Entrevistas João Mário Grilo sobre Vieirarpad: “O meu objectivo fundamental era pensar o que seria o filme se eles o pudessem fazer” Paulo Portugal Setembro 7, 2021 Compartilhado FacebookTwitterPinterestWhatsApp Declarações do cineasta no final de uma entrevista (realizada em 2019) a propósito de um projecto académico (o seu seminário de realização na Nova, FCSH), a abordar também o trabalho paralelo em cinema.Gostaria de lhe perguntar até que ponto esta viagem do seminário não foi vivida por si da mesma forma para tentar completar o seu próximo filme. Enfim, imagino que o processo de montagem também seja um processo complexo…No caso presente, é muito complicado, neste filme sobre a Vieira e o Arpad. Complicado porque mexe com o próprio mercado da arte e o valor da arte e dos artistas. O filme já tem título? Vai chamar-se Vieirarpad, porque esse é, para mim, o nome da criatura que fizeram nascer. Eles os dois construíram uma criatura. Que tem esse nome. O filme anda à volta da correspondência deles. E anda à procura disso, dessa criatura, que é uma criatura que produziu coisas: uma história, pintura, memórias. O mais complicado do filme foi pôr a pintura e o desenho a contarem a história. Porque eles pintaram muita coisa. A Vieira tem uma obra brutal, o Arpad também pintou imenso, incessantemente. E pintaram-se muito um ao outro. E pintaram também muito, a meu ver, a história deles quando pintavam outras coisas. Há aí uma narrativa. O filme é dividido em três partes. Um dispositivo dominado pela biografia, por aquilo que é uma biografia. Há também um encontro com o Ma Femme chamada Bicho, o filme do José Álvaro de Morais. O meu objetivo fundamental era pensar o que seria o filme se eles o pudessem fazer. Eles prepararam tudo muito bem. A Vieira quase nunca foi fotografada a rir, por exemplo, temos a pintura, as cartas que sobreviveram. É uma espécie de depósito do passado, que é feito para o futuro. Eu recebi isso tudo e limitei-me a ser um intermediário. Espero que daqui a uns meses possamos vir a falar dele, talvez num outro contexto. Neste momento a minha preocupação é acabá-lo. Falta o grading, a mistura. Tem já uma data prevista? Não. O filme tem uma co-produtora brasileira, a Gullane, com uma implantação internacional. Acho que a estratégia de lançamento do filme terá que ser pensada com eles. E a produção portuguesa? A produção portuguesa é da Zulfilmes do Fernando Centeio, com quem eu trabalhei numa série de coisas, como O Tapete Voador e em outros projectos para a Fundação Gulbenkian, em que ele foi produtor. Mas com esta entrada do Brasil o filme ganhou outra dimensão que exorbitou e se envolveu com o mercado da arte. Mas foi um filme muito particular. E uma grande parte daquilo que ele vai ser é aquilo que ele foi. Há uma inscrição muito forte do modo como o filme foi feito e produzido. Mas que há a procura de qualquer coisa, isso sim. Algo que cria essa figura de Vieirarpad, essa personagem que diria andrógina… Vamos ver. TagsJoão Mário Grilo Compartilhado FacebookTwitterPinterestWhatsApp Artigo anteriorAlice Diop: “Faço cinema em nome dessas imagens que faltam”Próximo artigoVieirarpad: O contracampo do fogo Paulo Portugalhttps://insider.pt RELATED ARTICLES Entrevistas Edgar Pêra: “Não há um algoritmo para fazer cinema” Outubro 27, 2023 San Sebastian ‘Pedágio’: o preço das opções sexuais num mundo populista Outubro 25, 2023 Cinema Português Tiago Bartolomeu Costa defende “a problematização do mar como identidade coletiva nacional” Outubro 23, 2023 Mais populares Mostra que Somos Humanos: os direitos humanos discutidos através do cinema Julho 3, 2024 O Amor Segundo Dalva ou as ilusões de uma criança adulta Junho 20, 2024 ‘Pedágio’ oferece uma variante populista de conversão sexual Junho 17, 2024 Manga d’Terra: Basil da Cunha olha para Eliana a cantar Junho 6, 2024 Carregar mais