Sexta-feira, Dezembro 6, 2024
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FEST: A masterclass de Iain Smith, Produtor de Mad Max – A Estrada da Fúria

“Eu não faço o filme, permito que o filme se faça”

Os títulos dos filmes nos créditos até podem falar mais alto do que o seu nome. Mas o seu trabalho nas diferentes capacidades de produtor engloba o de inúmeros realizadores e, sobretudo, filmes marcantes, através dos anos 80 até… ontem. O showreel com que abriu a sua masterclass, no FEST, levou-nos a Local Hero, de Bill Forsyth, com Burt Lancaster, ao mítico Terra Sangrenta e A Missão, ambos de , Rolland Joffé; 1492: Cristóvão Colombo, com Depardieu, O 5º Elemento, de Luc Besson, Sete Anos no Tibete, com Brab Pitt… Chega? Mas há mais! Cold Mountain, de Minghella, com Jude Law e Nicole Kidman, Os Filhos do Homem, de Cuarón, Mad Max – A Estrada da Fúria, de George Miller… Comum por detrás de tudo isto: Iain Smith!

Durante duas horas partilhou a sua experiência com o muito interessado e participativo auditório.

Se quisermos, talvez a sua maior expressão seja mesmo uma ação vigorosa e demasiado realista. Nesse sentido, o melhor cartão de visita seja mesmo o mais recente filme, Mad Max – A Estrada da Fúria, do australiano George Miller.

Ao olhar para trás, Iain justifica a sua chegada ao cinema, como uma obra quase do acaso, pois, segundo ele, ficou a dever-se ao mau tempo britânico, já que tinha de ficar muito tempo fechado em casa. Foi aí conheceu Bergman e outros.

Contudo, o desejo de realizador acabaria por ser limitado por uma má experiência. E resolvido depois pela inteligência. Como se compreende, não queria ser uma segunda escolha. Talvez por ser demasiado racional e sistemático. Por planificar demasiado as coisas, por ser muito organizado, Isso matou o meu lado de realizador. Compreendeu então que no seu lugar no cinema passaria a tentar proteger a genialidade dos outros.

Até que um dia recebe um telefonema de George Miller a sugerir-lhe a produção de Mad Max – A Estrada da Fúria. Diz Iain que Miller não queria ter um guião, para não ser controlado pelos estúdios. Sentiu que isso o iria limitar. Algo que para um produtor significaria cortar uma das minhas pernas.

Entre as aventuras técnicas durante a rodagem de Mad Max, Iain partilhou a filmagem em simultâneo com 30 câmaras, o uso de Go Pro’s no deserto da Namíbia, que acabaram todas destruídas, mas com grande resultado! No entanto, Iain não tem ilusões: Eu não faço o filme, eu permito que o filme se faça.

Se há divisa que respeite, talvez a “proteção do talento” fale mais alto. Nós somos os parceiros silenciosos desse processo, justifica sem ponta de amargura. Preferindo até exaltar o papel dos produtores: nós operamos num campo de batalha entre a arte e o dinheiro, procurando encontrar uma ligação entre ambos. E quando isso está equilibrado, existe o que Smith designa como um momento zen.

Mas se lhe pedissem para descrever a sua ‘marca’, diria que tentamos filmar tudo como se fosse realidade. Mesmo quando são usados muitos efeitos especiais. É essa proximidade com a realidade que me dá gozo.

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