Quarta-feira, Dezembro 11, 2024
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Veneza celebra o cinema: Kechiche, Kore Eda e Ai Weiwei à caça do Leão

Mas o título também podia ser:

George Clooney, Jennifer Lawrence e Matt Damon espreitam os Óscares em Veneza

O festival mais antigo do mundo abre as portas esta quarta-feira, dia 30, com mais uma sensacional mostra do melhor do cinema mundial. Apesar de mais de metade dos filmes serem falados em inglês, encontramos ainda o melhor do world cinema, bem como o espaço do cinema clássico restaurado e até mesmo uma nova secção competitiva de cinema de realidade virtual. Annette Bening presidirá o festival onze anos depois da última mulher. E que uma vez vez mais deverá inscrever alguns títulos na próxima corrida aos Óscares. É Veneza em portugueses? Calma, sempre temos Rui Poças em Zama, da Lucrezia Martel.

Matt Damon, em Suburbicon

A habitual festa das manchetes e o desfile dos grandes de Hollywood fica garantida com nada menos que sete produções, desde logo com Downsizing, o badalado filme de abertura de Alexander Payne (o autor de Nebraska Sideways), a narrar uma comédia de ficção científica que encontra uma solução para sobrepopulação na possibilidade de encolher a raça humana. Mesmo em escala mais discreta, Matt Damon e Kristen prometem humor na companhia de Laura Dern e Alec Baldwin. Será um Damon já tamanho natural que veremos de novo na competição, e numa nova paródia, desta vez, em Suburbicon, no regresso de George Clooney à realização, com uma história alinhavada pelos manos Joel e Ethan Coen. Julianne Moore, Oscar Isaac e Josh Brolin são cúmplices desta comédia negra. E temos ainda, claro, Mother!, de Darren Aronofsky, com Jennifer Lawrence e Matt Damon a receberem em sua casa a visita indesejada da personagem interpretada por Javier Bardem (confirmar).

The Shape of Water

As propostas da seleção competitiva prolongam a faceta mais surrealista, ao incluírem o novo projeto de Guillermo Del Toro, de regresso ao fantástico em The Shape of Water, sobre o romance entre uma mulher e um monstro marinho. O britânico Andrew Haigh, o ano passado nomeado para um Óscar, pelo drama familiar 45 Anos, mostra o seu novo projeto, Lean on Pete, sobre a relação de um rapaz com um cavalo de corrida falhado; Martin McDonagh apresentará a comédia negra Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, no filme que sucede a Sete Piscopatas, com Frances McDormand à procura da filha desaparecida e a pedir ajuda ao agente com a fisionomia de Woody Harrelson. Paul Schrader junta First Performed à sua lista de guiões, ao lado de Taxi Driver O Touro Enraivecido, embora assine também a realização, como em A Rapariga da Zona Quente ou A Felina, juntando agora Ethan Hawke e Amanda Seyfried, ele um ex-capelão militar que acaba de perder o filho, ela cujo marido se suicida.

Mas há mais. Há, por exemplo, Abdellatif Kechiche, vencedor da Palma de Ouro com A Vida de Adèle, em 2013, agora finalmente a mostrar Mektoub, My Love: Canto Uno, a tal saga familiar que acabou por ser dividida em dois filmes e que acabou gerar problemas financeiros e levar mesmo o realizador colocar à venda o seu prémio ganho em Cannes para terminar o filme. E há também muita expectativa com o japonês Hirokazu Kore Eda, com o seu thriller policial The Third Murder (na tradução inglesa), ou o controverso artista chinês Ai Weiwei, a mostrar o documentário The Human Flow sobre a emigração global. O documentarista americano Frederick Weisman apresenta ainda Ex Libris – The New Yorl Public Library. A anfitriã Itália faz-se representar as obras de Paolo Virzi (The Leisure Seeker, embora com Helen Mirren e Donald Sutherland), Sebastiano Riso (Una Famiglia) e dos Manetti Bros.(Ammore e Malavita), apesar de mostrar ainda outras obras em coprodução.

Já fora de competição valerá a pena destacar a presença de títulos como Loving Pablo, do madrileno Fernando León de Aranoa, a ensaiar a vida romântica de Pablo Escobar, convenientemente entregue a Javier Bardem, no seu segundo filme no festival, onde vive um romance na tela com a mulher Penélope Cruz, no papel da jornalista Virginia Vallejo, amante do narcotraficante.

Lucrecia Martel e Rui Poças, na rodagem de Zama

Teremos ainda o regresso do cinema inspirado da argentina Lucrezia Martel (O Pântano e A Mulher Sem Cabeça), com o filme de época Zama, com a particularidade de incluir o trabalho de fotografia do português Rui Poças. O britânico Stephen Frears será homenageado no festival, para além de trazer ouro histórico, Victoria & Abdul, com Helen Mirren e Ali Fazal. Por fim, não vamos querer perder o muito aguardado regresso de John Woo, com Zhuibu/Manhunt.

Tal como o romance da Netflix Our Souls at Night, que junta Jane Fonda e Robert Redford, depois de The Electric Horseman, em 1979, antes de receberem um Leão de honra como prémio pela sua carreira. Isto para além de outras propostas de foro documental que incluem filmes de Abel Ferrara (Piazza Vittorio), William Friedkin (The Devil and the Father Amorth) e Chris Smith (Jim & Andy). Isto sem esquecer o filme de encerramento do festival, a celebrar o regresso de Takeshi Kitano ao tema yakuza, em Outrage Coda. Sim, filmes não vão faltar.

Mas Paolo Baratta, o presidente da Bienal de Veneza, e Albert Barbera, diretor do festival de cinema, estarão por certo orgulhosos de poder oferecer a primeira secção competitiva de cinema em realidade virtual. Um evento que terá o cineasta John Landis como presidente do júri que irá avaliar 22 filmes (entre os 4 minutos e os 55) à procura do Venice Virtual Reality Award. Um conjunto que inclui mesmo um vídeo da artista Laurie Anderson e do cineasta chinês Tsai Ming Liang.

Na rodagem de Rosita, com Ernst Lubitsch

Então e os clássicos? Calma, desde Rosita, um mudo de Lubitcsh, de 1923, na pré-abertura, passando por Antonioni (O Deserto Vermelho), Mizoguchi (A Story From Chikamatsu e O Intendente Shansho), Alem Klimov (Vem e Vê), Jean Grémillon (Dinah, la Métisse), passando por Raoul Walsh (The Revolt of Mamie Stover) ou James Whale (The Our Dará House) até John Landis (Into the Night).

A 74ª edição do Festival de Veneza decorre de 30 a 9 de Setembro. O Insider estará por lá a fazer a cobertura possível e a participar no júri Fipresci.

 

Filmes em Competição

Human Flow (Ai Weiwei) (Alemanha, EUA)

Mother! (Darren Aronofsky) (EUA)

Suburbicon (George Clooney) (EUA)

The Shape Of Water (Guillermo Del Toro) (EUA)

L’Insulte (Ziad Doueiri) (França, Líbano)

La Villa (Robert Guediguian) (França)

Lean on Pete (Andrew Haigh) (GB)

Mektoub, My Love: Canto Uno (Abdellatif Kechiche) (França)

The Third Murder (Koreada Hirkazu) (Japão)

Jusqu’a La Garde (Xavier Legrand) (França)

Amore e Malavita (Manetto Bros.) (Itália)

Three Billboards Outside Ebbing, Missouri (Martin McDonagh) (GB)

Hannah (Andrea Pallaoro) (Itália, Bélgica, França)

Downsizing (Alexander Payne) (EUA)

Angels Wear White (Vivian Qu) (China, França)

Una Famiglia (Sebastiano Risio) (Itália)

First Reformed (Paul Schrader) (EUA)

Sweet Country (Warwick Thornton) (Austrália)

The Leisure Seeker (Paolo Virzì) (Itália)

Ex Libris – The New York Public Library (Frederick Wiseman) (EUA)

Fora de competição (Ficção)

Our Souls at Night (Ritesh Batra) (EUA)

Il Signor Rotopeter (Antonietta De Lillo) (Itália)

Victoria and Abdul (Stephen Frears) (GB)

La Melodie (Rachid Hami) (França)

Outrage Coda (Kitano Takes) (Japão)

Loving Pablo (Fernando Leon De Aranoa) (Espanha)

Zama (Lucrecia Martel) (Argentina, Brasil)

Wormwood (Errol Morris) (EUA)

Diva! (Francesco Patierno) (Itália)

La Fidele (Michael R. Roskam) (Bélgica, França, Holanda)

The Private Life of a Modern Woman (James Toback) (EUA)

Brawl in Cell Block 99 (S. Craig Zahler) (EUA)

 

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