Gabriel Abrantes ficou de fora dos prémios, com a melhor curta a ser entregue a Timecode. O resto da noite foi de Ruben Ostlund, fazendo o plano todos os prémios para que fora nomeado. Claes Bang foi o Melhor Ator e Alexandra Borbély a Atriz do ano.
O sueco Ruben Ostlund já nos havia antecipado no final da nossa entrevista que venceria todos os prémios. Mas tomamos essa declaração como parte do seu estilo despreocupado e divertido. Mas depressa tudo começou a configurar o formato de O Quadrado, o vencedor das categorias de Melhor Filme, Melhor Comédia, Realizador, Argumento e Ator. para além destes há ainda a considerar o prémio para a melhor design de produção, portanto num total de 6 prémios. Exatamente o que sucedeu o ano passado com Toni Erdmann, ao vencer igualmente nas cinco categorias para que fora nomeado.
Mas nem só de O Quadrado viveu a cerimónia.
De resto, a sessão que decorreu uma vez mais no Berliner Festspiele, teve diversos momentos altos. Desde logo quando o britânico Stephen Frears veio ao palco anunciar o prémio da crítica internacional (FIPRESCI), para Lady MacBeth, de William Oldroyd. Eu venho de um país tão estúpido que queremos sair da Europa, começou. E atirou de seguida: Tenho uma mensagem da Theresa May: Lady MacBeth, disse ao abrir o envelope com o nome do vencedor. Não vi o filme, mas ouvi dizer que é fantástico, rematou o irónico britânico.
O evento que foi transmitido pela RTP 2 até teve diversos episódios divertidos, como a homenagem a Julie Delpy, complementada até com um video de Ethan Hawke em que elogiava a colega dizendo nunca conheci ninguém como tu. Emocionada, a atriz respondeu para a plateia: é uma honra receber e perceber que o meu trabalho é reconhecido. Acrescentando ainda que teve a sorte de trabalhar com realizadores fantásticos na Europa. Até porque foi na Europa que conseguiu trabalhar melhor como realizadora.
Afirma ainda a sua feminilidade ao assumir que recebe este prémio por ter sobrevivido como uma jovem atriz e manter a minha integridade, como filha de feminista. E sublinha que ser feminista é manter a integridade como uma mulher. Por fim, sugere a venda de rifas para juntar o dinheiro que falta para terminar o seu próximo filme.
Ao receber o prémio de Melhor Ator, o dinamarquês Claes Bang lançou o aviso: só posso recomendar a todos os atores para experimentarem a experiência de Ruben Ostlund. Já a húngara Alexandra Borbély sucumbiu em lágrimas não conseguindo proferir uma frase sem soluçar.
Sem soluços decorreu o belo momento musical com parte da banda country do filme Ciclo Interrompido, de Felix van Groeningen, que deu o prémio de melhor ator a Veerle Baetens, em 2012.
Talvez o momento mais marcante da cerimónia, para além do discurso do presidente Wim Wenders, já reproduzido numa outra peça (aqui) foi mesmo a standing ovation para Aleksandr Sokurov ao receber o seu prémio de carreira. Não gosto de guerra, não gosto quando as pessoas vão para a prisão, referiu. Não gosto de falta de liberdade. Salientou ainda ainda a grande ideia que foi criar a Academia há 30 anos atrás e recordou ainda o nome de Oleg Stensov, o cineasta compatriota que permanece preso. Finalizou com uma farpa para o governo russo: Para mim este prémio é um grande apoio, porque muitos dos meus filmes são banidos na Rússia, como o filme ‘Russian Arc’.
Para o ano há mais, em Sevilha.
Palmarés
Filme Europeu – O Quadrado, de Ruben Ostlund
Comédia Europeia – O Quadrado, de Ruben Ostlund
Prémio Discovery (FIPRESCI) – Lady MacBeth
Documentário Europeu – Communion, de Anna Zamecka
Animação Europeia – Loving Vincent
Curta metragem Europeia – Timecode
Realizador Europeu – Ruben Ostlund, por O Quadrado
Atriz Europeia – Alexandra Borbély, Corpo e Alma
Ator Europeu – Claes Bang, de O Quadrado
Argumento Europeu – Ruben Ostlund, por O Quadrado
Fotógrafo Europeu 2017 (Prémio Carlo Di Palma) – Michail Krichman (Loveless)
Montagem Europeia 2017 – Robin Campillo (120 BPM)
Design Produção – Josefin Asberg (O Quadrado)
Guarda-Roupa – Katarzyna Lewinska (Spoor)
Guarda-Roupa e Cabelo – Leendert van Nimwegen (Brimstone)
Compositor – Evgeni & Sacha Galperine (Loveless)
Design Sonoro – Oriol Tarragó (A Monster Calls)
Prémio de Carreira – Aleksandr Sokurov
Prémio Cinema do Mundo – Julie Delpy
Co-Produção (Prémio Eurimages) – Cedomir Kolar
Prémio do Público Europeu (Melhor Filme Europeu) – Steven Zveig – Farewell to Europe