Diogo Costa Amarante concorre nas curtas, Paulo Carneiro e David Pinheiro Vicente levam projectos à avaliação do Berlinale Talent. Escutamos ainda a voz de resistência de Isabel do Carmo e de Joacine Katar Moreira em curtas metragens.
Uma vez mais, a montra da Berlinale permitiu uma exposição da diversidade do cinema nacional. Depois de Susana Nobre ter mostrado a burocracia do desemprego em Portugal No Taxi do Jack, na secção Fórum, olhamos para as outras propostas em pequeno formato. Uma delas é o regresso de Diogo Costa Amarante à secção competitiva das curtas metragens, “um prémio que ganhou em 2017 com Cidade Pequena”, além de ter participado a sua curta As Rosas Brancas, em 2014, e da sua presença como júri da mesma secção, em 2018. Desta feita com o muito curioso Luz de Presença, uma curta que aproxima a ligação improvável de um jovem abalado por uma ligação amorosa e Diana, uma transsexual que acaba por se substituir à sua perda da forma sobrehumana a seguir a um acidente de moto.
Escutámos ainda a voz de Isabel do Carmo em Night for Day, apresentada na secção Forum Expanded, onde recorda o seu activismo anti-fascista, as suas manobras de dispersão dos PIDES’s, sobretudo quando tinha de transportar explosivos. Memórias que se cruzam num ambiente familiar juntamente com os astrofísicos Alexander Bridi e Djelal Osman programadores de informáticos que fazem reconhecimento de imagens em movimento nocturno.
Bem diferente é a presença de Joacine Katar Moreira, na curta Mudança, igualmente no Forum Expanded, parcialmente rodada no Bairro Alto e assinada por Welket Bungé, protagnista de Berlin Alexanderplatz, exibido o ano passado na competição em Berlim. Nesta expressiva combinação de dança, poesia e videoart, a luso-guineense declama de forma intensa os poemas ‘Mudança’ e ‘COBDE’ palavras de ordem feministas, anti-racistas, abordando questões de género, com uma intensidade como se num embalasse numa dança lenta. É um momento de tremenda intensidade onde a deputada independente se entrega ao texto decorado que profere sem hesitações na voz.
Já no Berlinale Talent, temos um conjunto robusto de participações. Paulo Carneiro apresenta a produção do seu trabalho Terra Nha Força, captando o movimento de um grupo de habitantes da ilha do Fogo, em Cabo Verde, que manifestam a intenção de permanecer na sua ilha quando o vulcão entra em irrupção. No fundo, o processo inverso que deslocou milhares de emigrantes para Portugal. David Pinheiro Vicente participa igualmente nesta formação, bem como a designer de som, Inês Adriana. De referir ainda a presença da realizadora canadiana Joelle Walinga e a produtora brasileira Janaiana Bernardes, ambas a desenvolver trabalho cinematográfico em Portugal.