Domingo, Maio 5, 2024
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Ozu, Ceylan, Eastwood, Godard: os nomes na memória do LEFFEST

Yasujiro Ozu, Clint Eastwood, Nuri Bilge Ceylan, Jean-Luc Godard, Jacques Rivette, Man Ray… Estes são os nomes que respondem pelo cinema de património apresentado no LEFFEST. Apesar do tema principal do festival se posicionar no futuro, desde logo, pela abordagem que faz à Inteligência Artificial e à Criação Artística, a programação não deixa de consagrar um espaço muito relevante à memória do cinema. 

Nessa medida, talvez o foco principal seja mesmo a homenagem ao cinema de Clint Eastwood, com a exibição de nada menos que 25 obras. Isto além da retrospetiva integral dedicada à filmografia do truco Nuri Bilge Ceylan, incluindo a exibição do seu último filme, About Dry Grasses, apresentado no último festival de Cannes.

Homenagem a Clint Eastwood – Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos.

De Eastwood desvela-se uma programação de inúmeros filmes que homenageiam a sua carreira do realizador – no fundo, prolongando a retrospetiva realizada na Cinemateca Portuguesa, em 2009. Obras que serão devidamente apresentadas pelo filho, Kyle Eastwood, bem como pelos músicos John Carlin e Branford Marsalis.

Oportunidade para ver ou rever Destinos nas Trevas / Play Misty For Me, a estreia de Eastwood na realização, em 1972, isto já depois de uma carreira de quase duas décadas como ator. Um percurso que nos levará ao recente Cry Macho – A Redenção, com apenas dois anos, completando uma homenagem de meio século, assinalando ainda algumas pérolas dos anos 70, como O Rebelde do Kansas / The Outlaw Josey Wales (1976).

Do cinema americano voltamos o olhar para o intrigante universo do turco Nuri Bilge Ceylan, seguramente outro dos eventos maiores do LEFFEST 17. Até pela oportunidade de permitir descobrir a totalidade da obra deste realizador que foi aplaudida nos festivais de Berlim e, sobretudo, Cannes, onde venceria a Palma de Ouro em 2014, com Sono de Inverno

E se, de repente, os grandes tesouros estivessem na recuperação de um quarteto de filmes raros? Dois de Yasujiro Ozu (Record of a Tenement Gentleman, de 1947, e Tokyo Twilightde 1957), além da recuperação de L’Amour Fou, de Jacques Rivette, após o restauro meticuloso que recuperou a cópia original severamente danificada num incêndio. Por fim, os mais cinéfilos poderão apreciar Le Retour à la Maison, o primeiro filme do surrealista Man Ray, de 1923, numa versão em que a sua manipulação de fotogramas é combinada com outros filmes seus, entre 1927 e 1929, com a particularidade de contar com a banda sonora de Jim Jarmusch e Carter Logan.

Inevitável ainda mencionar a presença incontornável do cinema de Jean-Luc Godard, um cineasta muito próximo do LEFFEST, merecedor de uma retrospetiva muito completa da sua obra (de cerca de uma centena de filmes). Neste caso, teremos Godard de uma forma diversificada: por um lado, através da exibição de Film annonce du film que n’existera jamais: Drôles de guerres, exibido no passado festival de Cannes (dia 16, 19h, Nimas), além de Godard par Godard, documento criado a partir de material de arquivo, sem qualquer narração ou depoimento, igualmente exibido este ano em Cannes (dia 16, 15h, 15h, Nimas).

Por fim, a exposição Éloge de limageLe livre d’Image, patente no Palácio Sinel de Cordes, ‘realizada’ por Fabrice Aragno, além do filme Livro de Imagem, a sua derradeira longa-metragem, avassaladora na forma como sintetiza imagens e sons num que pode ser encarado como uma síntese dos nossos tempos (dia 16, 16h30, Nimas). Sim, um festival que deve ficar na memória.

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