Segunda-feira, Outubro 7, 2024
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‘Apart Together’, de Quanan Wang

A primeira surpresa foi a escolha de Dieter Kosslick, o director da Berlinale, para abertura do certame. ‘Apart Together’, a tradução britânica para ‘Tuan Yuan’, do chinês Quanan Wang, vencedor do Urso de Ouro em 2007, por ‘Tuya de hun shi’, trilha a narrativa sobre o retorno à China continental dos expatriados chineses para Taiwan depois da guerra civil de 1949. Contudo, apesar da boa vontade, e até de uma narrativa escorreita, com o olhar estrangeiro de um retornado que procura na China cosmopolita moderna, os indícios do passado, e, sobretudo, a possibilidade se reencontrar com um amor interrompido, ainda que com a conivência do novo marido, são material fértil para uma boa história, para um bom filme.
Nota-se até um cuidado em adornar os detalhes do ambiente familiar e da passagem do tempo segundo as regras clássicas. Só que Quanan Wang não é nenhum Ozu, nem ‘Apart Together’ tem o enlevo de ‘Viagem a Tóquio’ ou ‘O Gosto do Saké’. Percebe-se a proximidade entre os irmãos divididos pelo muro de Berlim, reconhece-se mérito da composição das cenas de convívio familiar em redor da mesa, mas nunca paira aqui o sinal de filme marcante.
‘Apart Together’ mostra uma China em avassalador progresso, como diria hoje Zhang Yimou, em entrevista, que “altera o presente em cada dia que passa”. Foi assim a abertura em ritmo certo. Algo pachorrento, diria. Sem ondas. Nem sobressaltos. Nos 60 anos da Berlinale.

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