Terça-feira, Dezembro 10, 2024
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Berlim: Victoria Guerra no turbilhão das Shooting Stars

“É uma oportunidade única!”

 

Fomos apanhar e exausta Victoria Guerra no epicentro do turbilhão que a empurrou para o estatuto de ser uma Shooting Star, estar entre os atores europeus do ano, um grupo selecionado por um comité de profissionais do meio, que os apresenta durante o Festival de Berlim. Antes da nossa entrevista, falara com um jornalista algo sinistro que insistia em pedir o email pessoal à portuguesa loira de olhos verdes, numa altura em que já havíamos começado a nossa breve conversa, ali e ali entrecortada com chamadas telefónicas e mensagens. A euforia já começou Victoria…

Então é a loucura?

É a loucura! Têm sido dias aluciantes. Mas este tipo é muito estranho, fez-me as perguntas mais surreais. É estranhíssimo. Mas está a ser giro. Isto não pára. Também há muitos anos que não vem um português. É que todos os países podem enviar uma candidatura, mas só dez é que são escolhidos. Fazer parte desses dez é absolutamente fantástico.

Já tiveste algum contacto com diretores de casting internacionais?

Tivemos imensos contactos. Há diretores de casting que estão cá os dias todos, no hotel connosco. Ontem tivemos uma reunião de três horas com dezenas de directores de casting do mundo inteiro.

Aqui é a sério. É incrível viver isso por dentro, não?

É claro, é a sério. E é uma oportunidade muito boa. É uma mostra de novos talentos. Os diretores de casting e os realizadores estão sempre à procura de novos talentos, de sangue novo. E há cada vez mais coproduções. Há cada vez mais atores a trabalhar noutros países, que falam outras línguas. É uma oportunidade única.

Também já tiveste algumas experiências de trabalhar com realizadores estrangeiros (Linhas de Wellington ou Cosmos).

Sim, trabalhei com diretoras de casting francesas que viram o meu trabalho ew não perceberam que eu não era francesa, porque o meu sotaque era muito bom. Por isso quiseram conhecer-me. Mas não poderia ter conhecido estas diretoras de casting sem estar aqui.

Estarias longa de imaginar, quando fizeste as tuas primeiras experiências na televisão, que um dia poderias estar aqui em Berlim…

Longe, longe, longe.  Aliás, quando o ICA entrou em contacto comigo obra me proporem para Shooting Star fiquei muito contente. Mas sabia que há vários anos que não havia um português. Quando recebi a resposta fiquei mesmo muito feliz.

Estamos a falar de cinema, mas para ti imagino que terá sido muito importante a experiência que tiveste na televisão e que permitiu saltar cá para fora a atriz que és hoje.

Importantíssimo. A televisão foi muito importante porque aprendi muito.

Aprendeste muito nas telenovelas?

Sim, aprende-se imenso nas telenovelas. Enquanto que no cinema fazes uma ou duas cenas por dia, na televisão fazes vinte se for preciso. E tens de chorar numa e rir-te noutra. Essa ginástica mental e emocional. Para além disso tive a possibilidade de aprender com atores enormes, como a Rita Blanco, que foi minha mãe numa novela, o João Perry, que foi meu pai. De resto, todos os atores que aqui estão fazem televisão nos países deles.

E que tal é o teu grupo de estrelinhas?

É muito porreiro. Não há vaidades. Estamos mesmo orgulhoso por estar cá, contentes pela oportunidade que nos deram. E todos temos estado a comentar isso. Queremos contar histórias, queremos fazer personagens interessantes. Queremos crescer e queremos aprender.

É claro que tiveste no filme Um Amor Impossível, do António Pedro Vasconcelos, a possibilidade de fazer um trabalho enorme. Como descreverias esse projeto?

Correu bem. Fiz o casting, neste caso com a Patrícia Vasconcelos, que é a única diretora de casting que temos em Portugal. Foi uma experiência muito boa, porque trabalhei com atores que nunca tinha trabalhado. Gostei muito! Como o filme foi rodado em Viseu, permitiu-nos estar todos juntos e todos unidos. Mas foi um trabalho muito intenso e muito em conjunto. Se me correu bem foi porque tive o apoio de todos os outros atores.

Como está o teu programa para os próximos tempos?

Estou a fazer uma novela, na SIC, chama-se Amor Maior. A minha personagem sofre de esquizofrenia. Por isso aceitei fazê-la.

Fizeste uma pesquisa sobre o tema?

Claro. Embora seja algo que eu nunca vou saber na vida. às vezes vou buscar coisas minhas para explicar alguns momentos da personagem. Tento encontrar na minha vida coisas que me ajudem a sentir o que sente aquela personagem, naquele momento. É uma coisa muito diferente de tudo aquilo que fiz.

E cinema, alguma coisa?

Terminei agora um filme em dezembro. É o Aparição, do Fernando Venderell, baseado na Aparição, do Virgílio Ferreira. Rodámos em Évora.

E quem é essa Victoria?

É a Sofia, a irmã do meio das filhas que dão a volta ao Alberto e o fazem questionar tudo sobre a vida. Não sei ainda se vou filmar outra longa este ano. Vamos ver. Nada certo ainda.

Sentes que em cada papel que interpretas está lá sempre alguma coisa da Victoria Guerra que se intromete?

Claro. O nosso instrumento de trabalho é o nosso corpo. Por vezes posso trabalhar outras coisas, mas serei sempre eu.

O que é para ti fundamental naquilo que tu dás?

Para mim, o mais importante a interpretar uma personagem é a verdade. E defender essa personagem. Tento preparar-me muito, ao pormenor, tentar perceber quem é essa personagem e as suas motivações.

 

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