Turno do Dia leva-nos ao quotidiano agitado, complexo e por vezes angustiante de quem tenta encaminhar o socorro a quem dele mais precisa. Num exercício igualmente complexo e arriscado, Pedro Florêncio pegou na câmara, fez o som e montou os registos dos diversos operadores do INEM que vão atendendo os pedidos do 112 no documental Turno do Dia, exibido nas edições do ano passado do DocLisboa e dos Caminhos do Cinema Português, em Coimbra.
Talvez uma das mais relevantes conclusões a tirar desde filme é que no final das quase duas horas de duração compreendemos melhor a função de quem tenta ajudar aqueles que ligam em desespero. Ao longo de várias sessões com diferentes operadores, percebe-se o procedimento rígido de recolher informações vitais de modo a identificar o local da vítima, os seus sinais vitais ou o mais adequado comportamento em cada situação. Mesmo que frequentemente os técnicos se vejam forçados a invocar toda a paciência para lidar com o stress do outro lado da linha, por vezes a falta de educação ou mesmo o insulto.
Sauda-se esse esforço que seguramente poderia dar um documentário melhor do que aquele que vimos. Mas a mensagem e todo o ambiente está lá. Como se parte da agitação vivida naquela sala de operações acabasse por transparecer para uma montagem que se fosse mais cuidada entregaria também uma melhor narrativa.