Cristèle Alves Meira, João Pedro Rodrigues, Tiago Guedes, João Gonzalez e Falcão Nhaga confirmam momento de tremenda criatividade
Depois do festival de Berlim ter abraçado uma das mais robustas embaixadas de cinema luso dos últimos anos – não só em quantidade, mas sobretudo em qualidade (vide cobertura) -, eis que as diferentes secções do Festival de Cannes apresentam igualmente valiosos argumentos de cinema feito em português. Nada menos que uma mão-cheia de talentos onde se nota sobretudo a marca da diversificação. Quer na Secção Especial, como ainda nas secções paralelas da Quinzena dos Realizadores e da Semana da Crítica. A 75ª edição do Festival de Cannes decorre de 17 a 28 de Maio próximo.
Primeiro as damas. Como não ficar em suspenso na expectativa de conhecer os segredos e fantasmas escondidos em Alma Viva, a nova deriva efabulada de Cristèle que se concretiza na sua primeira longa? Ela que é apenas uma confirmação em Cannes, na Semana da Crítica, pois foi ali que esta jovem portuguesa, nascida em França, apresentou a curta Campo de Víboras, em 2016, e também Invisível Herói, em 2019. Com a particularidade do seu cinema manter uma afinidade umbilical à Trás-os-Montes, ou mais concretamente à sua vila de Vimioso.
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Tiago Guedes conquistou também um lugar em Cannes, mais concretamente na Secção Especial, embora não competitiva, com o drama Restos do Vento, numa nova produção de Paulo Branco e uma vez mais com protagonismo de Albano Jerónimo. Isto depois de ter já passado por Berlim (com a curta O Raio, 2004) e Veneza (A Herdade, 2019). Desta vez, interpela-nos com as recordações funestas de um conjunto de adolescentes que, duas décadas mais tarde, acaba por se confrontar com o seu próprio passado.
Quem também não é estranho a Cannes é João Pedro Rodrigues, que vê o erotismo musicado de Fogo-Fátuo selecionado para a Quinzena dos Realizadores. Isto mais de duas décadas depois de apresentar Morrer Como um Homem (2009). Claro que tudo se poderá esperar desta “fantasia musicada” ambientada num quartel de bombeiros.
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Há que contar ainda com a presença do jovem Falcão Nhaga, de 22 anos, que apresentará no programa da Cinéfondation a curta Mistida, realizada pelo em contexto da Escola de Superior de Teatro e Cinema, bem como a animação de João Gonzalez, um verdadeiro salto para o abismo do insólito Ice Merchants, onde pai e filho que todos os dias cumprem o ritual de saltar de para-quedas, do cimo da uma casa gelada para vender o gelo produzido durante a noite.