O Festival de San Sebastián dedica uma retrospectiva à escritora e screenwriter americana Lillian Hellman, destacando 16 filmes produzidos entre 1935 e 1999. Organizada pelo próprio festival, em parceria com o Arquivo de Cinema Basco e a Filmoteca Española, a homenagem será acompanhada do lançamento do livro monográfico “Lillian Hellman. Fiction, Memory and Commitment”. Escrito por María Adell, Hannah McGill e Nuria Vidal, e editado por Quim Casas, o livro explora a obra de Hellman tanto no cinema quanto no teatro, além de abordar as suas polémicas memórias e o seu envolvimento político, especialmente durante a caça às bruxas de McCarthy.
Lillian Hellman (1905-1984) permanece envolta em mistério, embora a sua importância na história do cinema e do teatro seja inquestionável. A sua colaboração com realizadores como William Wyler resulta em clássicos como “The Little Foxes” (1941), “The Children’s Hour” (1961) e “The Chase” (1966), filmes que expõem temas como o racismo, a repressão e as injustiças sociais da América de então. Hellman destacou-se também pela sua parceria com William Wyler em outras obras, incluindo “These Three” e “Dead End”, reforçando uma colaboração marcante na narrativa cinematográfica da época.
A escritora iniciou a carreira cinematográfica em 1935 e, paralelamente, destacou-se no teatro e nas memórias, frequentemente alinhada com sensibilidades de esquerda. A sua ligação a figuras como Dashiell Hammett e o envolvimento na elaboração de roteiros reflectem o seu compromisso político e artístico. A retrospectiva do Festival de San Sebastián celebra assim uma figura multifacetada que marcou profundamente a cultura norte-americana, sempre com um olhar atento às suas posições ideológicas e ao impacto social da sua obra.
