Domingo, Abril 28, 2024
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Malapata: ou a má sorte do cinema português

Diogo Morgado anunciou que esta sua experiência na realização teria como intuito trazer algum dinamismo ao panorama cinematográfico. Por outras palavras, lá vamos nós à velha cantiga do cinema comercial português versus o autoral do costume.

Mas será que esta proposta de comédia, um registo tão malfadado na nossa “indústria” actual, consegue vencer e transpor as barreiras da limitação televisiva? Claro que não, este filme que tem como signo a “má sorte” (ou Malapata) persiste numa ideia, e essa é dissipada pelas tendências de mercado que nós próprios abraçamos. Um bilhete premiado, dois amigos improváveis e dois dias cheios mergulhados numa maré de azar poderiam ser motivo para invocar as peças de uma série de infortúnios que funcionaram tão bem em comédias como After Hours, de Scorsese, e nas aventuras surreais de Harold & Kumar.

Mas a ideia, essa, é o de somente uma sugestão, o que interessa é polvilhar a narrativa com camadas televisivas que teimam em não deixar ou preencher as elipses e transições com longuíssimas imagens de drones por um Faro em modo turístico. Depois, os cameos, desde o mágico Luís de Matos até à cantora Ana Malhoa, são os de uma cadência de “estrelas” que tende em servir mais como atractivos para o cartaz do que contribuir para a credibilidade do enredo. No caso do primeiro, a sua honestidade leva-nos à real percepção deste projecto: tudo não passa de um verdadeiro espectáculo de ilusionismo.

Assim chegamos ao humor básico tão característico dos alter-egos dos seus protagonistas (Marco Horácio e Rui Unas), à narrativa que falha sem a concepção de um alvo requerido ou de uma linguagem cinematográfica e, como não poderia deixar de ser, a direcção sem brilho e quase anónima de Diogo Morgado, mas ao menos a sua estreia demonstra mais talento que um Leonel Vieira.

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