O século de Nanook of the Nort/Nanook, o Esquimó (1922), de Robert Flaherty, tem merecido uma atenção nos eventos de cinema de património um pouco por todo o mundo (como sucedeu já, por exemplo, na Cinemateca Portuguesa, e também no Cinema Ritrovato, em Bolonha). Desta feita, é também o motivo de celebração nas Giornate del Cinema Muto, o famoso festival de cinema mudo que decorre em Pordenone, na região de Friul, terra de Pasolini, no norte da Itália, cuja 41ª edição decorre até o próximo sábado, dia 8.
Uma sessão que será acompanhada por uma nova partitura musical, a cargo de Gabriel Thibaudeau, procurando uma inspiração sensível nos sons da natureza, bem como no uso vocal de dois artistas Inuitas, Nina Segalowitz e Lydia Enok.
Considerado uma obra-prima imediata logo que estreou, há um século, ainda hoje Nanook of the North é considerado como um dos primeiros exemplos do cinema documental. Uma história que existe graças ao desejo do explorador Flaherty em partilhar a vida do povo Inuita com quem convivia há mais de uma década. E dessa forma transformar-se em cineasta.
Decisivo para o sucesso do público foi a capacidade de Flaherty em captar a empatia do público com o caçador Nanook e a sua família, seguindo o seu quotidiano na dura vida do Árctico. Mesmo quando não se contentou em filmar a realidade e construiu mesmo a sua própria poesia.
O programa inclui ainda a continuação da retrospectiva dedicada à estrela Norma Talmadge, com a passagem de três curtas da Vitagraph, bem como a longa metragem Ghosts of Yesterday (1918), de Charles Miller, com a particularidade de se exibir a única cópia existente, mesmo com a ausência das bobines finais. Trata-se de uma variante do mito de Pigmalião, em que um artista decide contratar uma modelo para substituir a amada entretanto falecida. Com Talmadge expressando todo o seu talento ao assegurar ambos os papéis.