A adaptação do premiado romance de August Wilson, a evocar o passado de carência de direitos civis pela comunidade afro-americana, assente num all black cast em que Denzel Washington acumula o protagonismo e realização, permite uma entrega de fôlego interpretativo e composição que assenta bem nesta época de prémios. Washington que se assume até como um dos candidatos mais fortes a ganhar o Óscar pela melhor interpretação, a que juntaria aos dois prémios secundários conseguidos em Tempo de Glória, de 1990, e Dia de Treino, em 2001.
De resto, é um Denzel que nos dá o melhor de si no papel do homem marcado pelo pela amargura do passado de segregação e a incapacidade de superar a mágoa de ex-jogador de beisebol que passou ao lado da merecida afirmação. Mas não esqueçamos por um momento sequer essa portentosa atriz que é Viola Davis que faz crescer todas as personagens que interpreta. Enorme no papel da mulher submissa, mas guerreira, que se vê forçada a assumir a mais dura provação, cuidar da filha ilegítima do marido.
Está por isso mesmo, e com toda a justiça, nomeada de novo (depois de As Serviçais, em 2012, e Dúvida, em 2008). Poderá também ser este o seu ano. Ela que tem a seu lado a companhia afro de Naomi Harris (Moonlight) e Octavia Spencer (Elementos Secretos), a conferir pigmento à palidez loira de Nicole Kidman (Lion) e Michelle Williams (Manchester by the Sea).