Do you want to play a game? E porque não? It’s Halloween, baby! Portanto, nada como celebrar a data com uma romaria à casa mais macabra do planeta, recuperando do além a saga dada como extinta após Saw 3D. Até porque dizem as regras das sequelas que mesmo que esteja morto, aplica-se um desfibrilhador e, quem sabe, o bicho pode mesmo ressuscitar. Tratando-se da marca Jigsaw, a expetativa era ainda maior. Por isso, apontem-se as mentes mais sedentes de sádicas sensações, pois o espetáculo vai (re) começar.
Acontece então que uma década depois da morte da mente distorcida por detrás do boneco narigudo que gosta de andar de triciclo, a dupla de argumentistas Josh Stolberg e Peter Goldfinger terá convencido os produtores com novas técnicas nos limites do sadismo aceitável para justificar este come back.
O responsável foi James Wan, o australiano de origem malaia e chinesa, que fez uma curta de 9 minutos e convenceu os produtores a fazer o original Saw – Enigma Mortal. Estávamos em 2004 e assim nascia um novo motivo de culto e a talvez a mais lucrativa franchise da história, porque combinava os filmes low cost com as chorudas receitas de bilheteira (rezam as crónicas de um acumulado de 873 milhões de receitas para um investimento no total da saga de menos de 70 milhões) sugadas pela curiosidade dos espetadores à procura de novos limites do sadismo e terror. De tal maneira que Wan foi forçado a dedicar-se mais à produção (participou em todos os filmes até ao anterior) e a converter-se numa sumidade do género, envolvendo-se nos destinos de Annabele, The Conjuring, entre outros.
Dos gémeos Michael e Peter Spierig sai então mais uma história responsável pelo subgénero torture porn, com a descoberta de novos crimes macabros que parecem ter o dedinho de Jigsaw, ou John Kramer (Tobin Bell, sempre ele), apesar de ter morrido de cancro há uma década. Em particular uma prova muito realista de uma cabeça serrada ao meio que é examinada cuidadosamente durante largos minutos. Mas de onde retiram um chip que contém uma mensagem enigmática de Jigsaw. Entretanto, já se sabe, haverá um grupo de pessoas presas, neste caso num armazém, devidamente acorrentadas e entregues à triste sorte de ter tomar decisões no limite do suportável. O aperitivo de sangue serve-se quando as correntes os guiam a serras elétricas. Até lá terão apenas de oferecer uma pequena dose de hemoglobina. Afinal de contas, a marca Saw em todo o seu esplendor.
Aqui com um toque mais confessional, já que um dos jogos consiste em ter os “participantes” a confessar os seus maiores pecados para conseguirem escapar nos derradeiros instantes. Assim se vão desenvolvendo as diferentes personagens que alimentam a narrativa e nos permitem seguir estes 90 minutos. É claro, there will be blood! Sim, para molhar na pipoca! Por isso mesmo, o Annual Blood Drive, onde os fãs vão dar sangue em troca de um bilhete grátis já devem circular, pelo menos nos Estados Unidos.
É claro que difícil será mesmo superar algumas das armadilhas mais macabras de Jigsaw. Desde logo no original de 2004, em que a menina tem de procurar uma chave de máscara escondida no interior do colega preso, tendo para isso de o esventrar e fazer a sua busca; ou a dama forçada a raciocinar mesmo depois de cair numa banheira de seringas usadas… Ouch! O sacrifício de sangue, em que nada mais resta aos pobres coitados presos, que auto-mutilarem-se para encher o nível exato de sangue para almejar a libertação da câmara de tortura. Há ainda a memória de um duo, um com a boca cozida e o outro com os olhos cosidos, em que terão de se complementar. Ou aquela espécie de roleta russa em versão caçadeira, que tem neste filme uma aproximação. Arrgghh? Ora, ora, não são mesmo essas situações limite que despertam a curiosidade dos jovens à procura de novas sensações?
Mesmo que Jigsaw: O Legado de Saw não ultrapasse os limites dos anteriores, e de algum dos excessos aqui descritos, temos poucas dúvidas que seja um filme a ignorar por parte do pequeno exército de noctívagos, que por certo se irá dirigir em peregrinação às salas para mais mais um festival de tortura.