Sim, o belíssimo filme de Catarina Vasconcelos será a representação portuguesa na 94ª edição dos Óscares de Hollywood, na categoria de Filme Internacional, a que substitui o Óscar de Filme Estrangeiro. De certa forma, esta a escolha da Academia Portuguesa de Cinema não surpreende, pois a primeira longa metragem desta promissora cineasta representa um filme ímpar na nossa cinematografia, ao aliar de forma sublime o peso das palavras, da escrita e das memórias de família, entrelaçando-as numa profunda visão artística, que funde as artes plásticas e a fotografia com o cinema. Um efeito que a cineasta alcança de uma forma orgânica, quase intuitiva, devolvendo-nos algo que não nos lembramos de ver. Arrisco dizer, em nenhum filme português. Talvez por isso, esta nomeação seja absolutamente certeira. Não admirando mesmo que pudesse estar, com legítimo mérito, entres os escolhidos às nomeações finais. Isso sim, seria uma novidade, ainda que muito merecida.
Entretanto, o filme produzido por Pedro Duarte e Joana Gusmão, e que contou com o apoio do ICA, da RTP e da Gulbenkian, permanece em exibição, desde a sua estreia no passado dia 7 de Outubro, tendo já sido visto por mais de 5 mil espectadores. Isto além dos inúmeros espectadores em diversos festivais no mundo inteiro, desde a estreia mundial na Berlinale, onde conquistou o prémio da crítica internacional, além de múltiplos prémios e distinções. Algo nunca visto no panorama do cinema português.
Sim, seria tão bom ver A Metamorfose dos Pássaros na cerimónia dos Óscares, a 27 de Março, de 2022, e Los Angeles, ao lado de outros notáveis nomeados, Memoria, de Apichatpong Weersethakul, em representação da Colômbia, ou mesmo Titane, de Julia Ducornau, Palma de Ouro, este ano em Cannes, pela França. Catarina Vasconcelos não lhes fica atrás.