LEFFEST: Da Inteligência Artificial para o cinema

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Poor Things

Da memória do cinema à Inteligência Artificial; dos filmes mais premiados do ano aos eleitos da Seleção Oficial; da retrospectiva de Nuri Bilge Ceylan a Clint Eastwood. Do LEFFEST, para o cinema do mundo.

Sim, é mesmo disso que trata o LEFFEST. Uma celebração do melhor cinema do momento. Bem como dos seus autores. Muitos deles convidados do festival – mesmo a desenrolar-se apenas em Lisboa, visitando alguns dos seus bairros, como Benfica, e já não no Estoril (bem como, depois, na ligação a Sintra). É esse convite de um encontro com o cinema que nos é lançado pelo diretor do festival, Paulo Branco, para os próximos dez dias (de 10 a 19 de Outubro). E vai já na 17ª edição. A abertura é no serão desta sexta-feira, no cinema Tivoli (numa sessão já esgotada), antecedendo a apresentação do filme extravagante do grego Yorgos LanthimosPoor Things, vencedor do Leão de Ouro em Veneza, com prestações de Emma Stone, Willem Dafoe e Mark Ruffalo. Seguramente, uma boa rampa de lançamento para o grande tema do festival, a Inteligência Artificial e a Criação Artística.

Como sempre, o LEFFEST promete ser muito mais do que uma mera apresentação de filmes. Pois a conjugação artística, nas suas multíplices áreas, sempre fez parte do ADN deste certame. Este ano com a proposta da reflexão sobre a Inteligência Artificial e as suas múltiplas ramificações, receios e ameaças. E oportunidades até. Sobre ela irão refletir alguns dos talentos reunidos ao longo destes dias, como a artista Laurie Anderson e a atriz Gina Gershon (dia 12, 17h30, Nimas), antecedendo uma sessão (já esgotada) com o filme 2001, Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, além de uma série de filmes que acompanha esta busca no futuro.

Como sempre, são muitos (e sonantes!) os nomes que abrilhantam o LEFFEST. Alguns deles a apresentar masterclasses, como já tivemos oportunidade de referenciar. Será o caso do francês Leos Carax, lançando o convite para duas sessões (dia 14, 18h, Nimas, ‘O Cinema visto por Leos Carax’ e, dia 15, 11h, Nimas, ‘A magia do cinema com Leos Carax), ao passo que o espanhol Victor Erice, cujo seu mais recente filme Cerrar los Ojos será apresentado na secção oficial competitiva (dia 15, 21h, Nimas), estará em conversa com Pedro Costa, no final da sessão de As Filhas do Fogo (dia 16, 19h, Nimas). Presente igualmente o japonês Ryüsuke Hamaguchi na apresentação da sua masterclass (dia 19, 11h30, Turim) em que falará do seu mais recente trabalho, Evil Does Not Exist(dia 19, 15h, Tivoli), vencedor do Grande Prémio do Júri, este ano em Veneza (além de receber o prémio FIPRESCI, da crítica internacional), e certamente de Drive My Car, vencedor o ano passado do Óscar de Melhor Filme Internacional. 

Presente igualmente, embora via zoom, será incontornável realizador britânico Ken Loach, na apresentação do seu novo filme O Pub The Old Oak (com estreia marcada já para o próximo dia 16). Ele que aborda uma nova história valiosa sobre a solidariedade, aqui com um foco na relação entre o outro, o ‘estrangeiro’, no caso presente, emigrantes sírios refugiados que chegam ao condado de Durham, no nordeste da Inglaterra.

Estarão ainda presentes em Lisboa, individualidades relevantes do cinema e da cultura mundial, como o cineasta truco Nuri Bilge Ceylan, cuja carreira é alvo de retrospetiva, bem como o alemão Christian Petzold, que regressa a Lisboa depois de cá ter estado em 2019, desta vez para apresentar o último trabalho, Afire (dia 10, 21,45, Nimas), vencedor do Prémio do Júri em Berlim em fevereiro passado.

Da Roménia, teremos Cristi Puiu, a apresentar o filme MMXX (presente em competição no último festival de San Sebastian), bem como Radu Juderepresentando Do Not Expect Too Much from the End of the World). Destaque ainda à presença do cineasta e produtor Fabrice Aragno (a apresentar O Livro de Imagemde Jean-Luc Godard – dia 16, 16h30, Nimas), além dos artistas Nitin SawhneyKeiichiro Shibuya, bem como Frédéric Bonnaud, diretor da Cinemateca Francesa, o programador e curador iraniano Ehsan Khoshbakht, entre muitos outros e outras.

Ubu, de Paulo Abreu, na Selecção Oficial.

Desde logo, o júri encarregue de escolher os premiados da Seleção Oficial, constituído pelo cineasta Elia Suleiman, a actriz Fanny Ardant, o cineasta Khalik Allah, o escritor Giorgi Gospodinov, o compositor Nitin Sawhney, a autora Rachel Kusshner, a artista Adriana Molder, a cantora Selma Uamusse, o compositor Pedro Amaral e a atriz Leonor Silveira.

Entre os filmes a concurso estarão Cerrar los Ojos, de Victor Erice, desde logo, um forte candidato, bem como o film de Radu JudeDo Not Expect Too Much from the End of the World e de Cristi PuiuMMXX, Ainda Os Delinquentes, de Rodrigo MorenoCreaturade Elena Martín GimenoGracede Ilya PovolotskyO Processo Goldmande Cédric KahnParadise is Burning, de Mika GustafsonRiddle of Firede Weston Razooli e a representação portuguesa, com Ubu, de Paulo Abreu.

Como é hábito, o LEFFEST mostra ainda, fora de competição, alguns dos grandes filmes do ano, premiados em diversos festivais internacionais. Além do já referido filme de abertura, Poor Things, de Yorgos Lanthimos, teremos ainda a Palka de Ouro, de Cannes, Anatomie g’une Chute, de Justine Trier, nomeado aos Prémios do Cinema Europeu), além de O Corno de Centeio, da espanhola Jaione Camborda, vencedor da Concha de Ouro, em San Sebastian (e que conta com a fotografia de Rui Poças), Critical Zone, de Ali Ahmadzadeh, vencedor do Leopardo de Ouro, em Locarno, Hit Man, de Richard LinklaterMay December, de Todd HaynesIo Capitanode Matteo Garrone, Priscillade Sofia Coppola, Green Border, de Agnieszka Holland, igualmente nomeado aos Prémios do Cinema Europeu; ainda About Dry Grasses, de Nuri Bilge CeylanPerfect Days e Anselm (3D), ambos de Wim WendersMaking ofde Cédric KahnDance First, de James Marsh, e Memory, de Michel Franco.