Quinta-feira, Dezembro 5, 2024
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KVIFF: The Cakemaker | Crítica

The Cakemaker, de Raul Graizer – Seleção Oficial – Competição

Para além da identidade nacional ou sexual 

A combinação de ingredientes culinários como forma de solucionar adversidades não está propriamente no topo da receita narrativa mais original. Mas a coisa muda de figura quando um metódico e impassível pasteleiro berlinense (impecável Tim Kalkhof) decide ir a Israel procurar as raízes de Oren (Roy MIller) amante morto num desastre de automóvel, onde também vive a mulher Anat (Sarah Adler) e filho dele. Será aí, como um estranho numa terra estranha, que acabará por se introduzir na vida desta família, ajudando Anat no café e gradualmente afirmando a qualidade da pastelaria que logo cria muitos entusiastas.

As hipóteses de entendimento entre ambos parecem mais ou menos asseguradas, até porque se acredita que a magia inesperada dos sabores poderá fazer a diferença. É claro que tudo isso faz parte da receita desta saborosa estreia de Ofir Raul Greizer no grande formato, sobretudo por colocar à prova a intromissão deste germânico no seio da cultura judaica e até de sugerir a tentação da pastelaria europeia numa cultura ainda muito kosher dependente.

Grande parte do charme e interesse do filme é ganho pelo extremo cuidado com que tudo é tratado. Como se se tratasse de uma receita cujos ingredientes de identidade nacional, religiosa ou sexual têm de ser criteriosamente administrados. É assim que Greizer parece encarar todo este processo, sempre deixando correr um fluir metódico, para que os sentidos acabem por fazer parte de um trabalho que poderia ser mais ardiloso de modo a superar tantas barreiras. É que, por vezes, um excesso de empenho pode tornar um projeto demasiado calórico. Precisamente o contrário do que sucede neste filme sobre a superação das barreiras de identidade nacional e sexual.

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